A falta de informação concreta sobre as transformações históricas da mulher e da família é um dos maiores obstáculos com que nos defrontamos
As rebeldes sentem
instintivamente a escravidão e o estado de inferioridade a que foram submetidas
e relegadas. No entanto, a maioria das mulheres não compreende que seu problema
não existia antes da instauração da sociedade de classes, que as tirou da elevada
posição de igualdade que desfrutavam na sociedade primitiva. Muito vagamente se
dão conta de que a submissão das mulheres caminha paralelamente com a
exploração dos trabalhadores em seu conjunto.
No passado, na sociedade
comunitária, em que ainda não existia a família como um núcleo isolado, era
inútil e irrelevante saber, por exemplo, quem era o pai biológico, ou inclusive
a mãe biológica. Todos os adultos de um clã se consideravam pais sociais de
todas as crianças e, se preocupavam com todos, igualitariamente. Portanto, não
existia uma situação tão trágica e anormal como a de uma criança
superalimentada de um lado, e do outro, crianças abandonadas, doentes ou
famélicas.
Briffault em 1927, demonstrou que
as mulheres haviam adquirido sua posição privilegiada na sociedade primitiva
não só por serem procriadoras, mas porque como resultado desta função
específica haviam se convertido nas primeiras produtoras de gêneros essenciais
para viver. Muitos outros estudiosos como V. Gordon Childe, Sir James Frazer citaram
detalhadamente a ampla gama de atividade produtivas desempenhadas pelas
mulheres primitivas, e o papel crucial que com isso tiveram na elevação do
gênero humano para além da modesta economia da idade selvagem.
Assim, elas foram não só as
primeiras trabalhadoras industriais e as primeiras agricultoras, como
desenvolveram também a sua mente e inteligência graças a variedade de trabalhos
que tinham, convertendo-se nas primeiras educadoras ao transmitir seus
conhecimentos e sua herança cultural a novas gerações de produtores.
Com o surgimento do novo sistema
de propriedade privada, e da família monogâmica, as mulheres se dispersaram e
cada uma se converteu em uma esposa solitária e mãe confinada a um lar isolado.
Esse processo histórico foi negado e silenciado por aqueles que desejavam
manter os mitos e defendem a existência eterna da instituição matrimonial e da
família.
Uma vez abolida a sociedade
capitalista e instauradas relações de tipo socialista, as mulheres serão
emancipadas como sexo, pelas mesmas forças que libertarão todos os explorados e
oprimidos. Para isso, precisamos de ampla unidade entre as trabalhadoras/es, a
juventude e o povo pobre para construirmos uma alternativa de classe, com
independência financeira e com perspectiva socialista e revolucionária para
derrubarmos nas ruas governos como o de Bolsonaro, mas também, os travestidos
de esquerda que fazem aliança com a burguesia. As lições históricas que
tivemos, mostraram que não há saída para a classe trabalhadora que seja por
dentro do sistema capitalista.
Letícia Banzatto Monteiro (MML e PSTU)