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Maria Bernardete Pacífico Moreira
Foto por: Divulgação
Maria Bernardete Pacífico Moreira

Ser mulher preta é um ato político!

Por: Luana Silva de Souza Flor – Professora da rede pública do Estado de São Paulo
22/03/2024 às 11:04
Artigos

Radicalizando ainda mais essa expressão podemos dizer que ser mulher preta, líder religiosa e quilombola é um ato político, de denúncia de resistência


Hoje a mulher homenageada é Maria Bernardete Pacífico Moreira, mais conhecida como mãe Bernardete, a ialorixá e líder quilombola foi executada a tiros na frente se seus netos dentro da sede do quilombo Pitanga dos Palmares na Bahia.

Mãe Bernardete era a líder do quilombo Pitanga de Palmares "caipora”,  mas também  estava à frente do Conaq – Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos entidade que lutava pelo direito a terra e pela preservação da cultura, da espiritualidade e a história do povo preto. Entre os anos de 2009-2016 foi secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da cidade de Simões Filho. 

Lider comunitária e religiosa esteve à frente das atividades econômicas culturais-religiosas de sua comunidade. Despertou o ódio de traficantes e proprietários de terra do lugar. Mãe Bernardete não se calou lutou por justiça, lutou pelo esclarecimento do assassinato de seu filho Flávio Gabriel Pacífico dos Santos mais conhecido como Binho do Quilombo em 2017 e, ainda denunciou o tráfico de drogas e a exploração ilegal de madeira naquela região.

Na comunidade vivem cerca de 290 famílias, o local também é conhecido pelas mulheres artesãs que desenvolvem trabalhos em piaçava e as bordadeiras. A comunidade também tem uma associação com 120 agricultores que produzem em vendem verduras, frutas e farinha, e o trabalho social desenvolvido no local, como a luta contra o racismo, a intolerância religiosa e discriminações, saúde das mulheres etc.  O quilombo foi certificado em 2004, e ainda hoje o processo de titulação não foi concluído.

Mesmo em meio a tantas dificuldades, ameaças de morte mãe Bernardete nunca desistiu da luta, reconhecendo a importância de suas raízes, de sua ancestralidade – segundo ela mesma: "filha de Maria Alvina, neta de Maria Faustina e Ubaldino Goes Pacífico” -  e de seu legado para os que irão continuar seu trabalho: "que meus netos abracem essa causa, especialmente os filhos de Binho do Quilombo porque é o cajado que eu vou deixar pra eles”

"Ser quilombola é ser resistência!”  frase tiradas do documentário: Bernardete em comemoração aos seus 70 anos de vida dedicados a luta social, ainda em suas palavras "nós não viemos para brincar nós viemos para trabalhar”.

Devido as ameaças sofridas Mãe Bernadete fazia parte do Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos, tinha proteção de uma escolta e a sede de sua comunidade era monitorada por câmeras. E mesmo com proteção mãe Bernardete foi executada no dia 17 de agosto de 2023 com 12 tiros  dentro de sua comunidade.

A polícia da Bahia conclui que mãe Bernadete foi morta a mando de traficantes, em investigação a polícia chegou até um morador da própria comunidade que fazia extração ilegal de madeira e que estava insatisfeito com o ativismo ambiental da líder quilombola. O morador da comunidade os mandantes e os executores foram identificados, seis pessoas envolvidas no crime foram indiciadas por homicídio qualificado.

Embora mãe Bernardete tenha sido executada seu trabalho resiste, seu filho Wellington Santos luta por justiça por sua mãe e por seu irmão Binho do Quilombo netos e amigos da comunidade resistem e levam a diante seu legado. 







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