‘ Nosso mundo mental ’, nome de uma série de 22 textos publicados no jornal Folha da Manhã, pela primeira mulher negra psicanalista no Brasil, Virgínia Bicudo, que apresentarei a seguir:
Virgínia Leone Bicudo, foi
socióloga e psicanalista brasileira, a primeira não médica a ser reconhecida
como psicanalista, tornando-se essencial para construção e institucionalização da
psicanálise no Brasil. Nascida em 21 de novembro de 1910, na cidade de São
Paulo, filha de Theofilo Bicudo, descendente de africanos escravizados que
sonhava em ser médico, e Giovanna Leone, imigrante italiana que trabalhava como
empregada. A paulistana Virgínia foi pioneira nas várias áreas em que atuou.
Ela foi a primeira não-médica a
ser reconhecida como psicanalista. Fundou sociedade de especialistas no tema em
São Paulo e em Brasília. Estudou na Escola Normal Caetano de Campos, também na
capital paulista, e foi a única mulher a obter o bacharelado em ciências sociais
na Escola Livre de Sociologia e Política, em 1938. Segundo a Folha de S.Paulo, tornou uma das
primeiras professoras universitárias negras do país e publicou alguns dos artigos
fundadores, sobre as relações raciais e o racismo.
Virgínia analisou a construção do
pensamento sobre as relações raciais no Brasil. Enquanto grande parte da
sociologia dos anos 1940 considerava que pretos e mulatos sofriam apenas preconceito
de classe, ela estudou os efeitos do racismo na subjetividade de pessoas negras.
Entre essas e tantas outras
colaborações de Virgínia, como mulher e profissional da Psicologia, eu Graduada
na mesma área, decidi fazer essa "”feminagem”, pois durante meu período na
academia, essa mulher negra não nos é apresentada. Prova inquestionável de que
ainda hoje no século XXI, pessoas negras e principalmente as mulheres de muitas áreas profissionais, continuam
invisibilizadas.