É com muito orgulho, que escrevo sobre Dra. Fátima Oliveira, mulher negra, feminista, médica, defensora incansável dos direitos sexuais e reprodutivos, onde deixou grande legado nas suas pesquisas, articulando as questões de gênero, raça e classe social
É com muito orgulho, que escrevo
sobre Dra. Fátima Oliveira, mulher negra, feminista, médica, defensora
incansável dos direitos sexuais e reprodutivos, onde deixou grande legado nas
suas pesquisas, articulando as questões de gênero, raça e classe social. Fátima
nasceu em Graça Aranha-MA, faleceu aos 63 anos, em 05 de novembro de 2017.
Grande guerreira feminista, escritora, mãe de 5 filhos e avó de 3 netos.
Dra. Fátima Oliveira veio de uma
família de origem pobre, mas sempre teve o sonho de ser médica e lutar pelo seu
povo. Passou no vestibular de Medicina em 1973, no bairro de Fátima, em São
Luís, integrou um trabalho denominado Ninho, da Pastoral da Mulher
Marginalizada, da Igreja Católica, onde objetivo era aproximação com
prostitutas para conversar sobre cuidados com a saúde delas e dos filhos.
Credenciada pelo INAMPS e FUNAI,
participou da ação política chamada Barco da Saúde, percorreu as regiões
ribeirinhas do Tocantins, para atendimento médico, odontológico, exames
laboratoriais totalmente gratuitos.
Foi um dos principais nomes a se
posicionar contra o racismo na saúde, destacando as mortes evitáveis de negras
e negros e a falta de capacidade instalada nos serviços de saúde como uma das
expressões da discriminação racial.
Foi uma das principais vozes no
País pela legalização do aborto e pelo atendimento adequado as mulheres na
saúde pública, denunciando, inclusive, a esterilização de mulheres negras.
Integrou diversos comitês e grupos de trabalho na área da saúde, foi
pesquisadora de bioética com diversas obras produzidas e secretária-executiva
da Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos.
Autora de vários livros e
pesquisas publicadas pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco),
onde contribuiu com textos sobre as doenças prevalentes na população negra.
Sempre preocupada com as mulheres negras brasileiras. Fátima nos ajudou a dar
visibilidade às questões das mulheres negras na fase preparatória da
Conferencia de Beijing (China), colocando a saúde das mulheres negras
periféricas propondo a melhoria do acesso dessas mulheres nas unidades de
saúde, sempre preocupada com a violência obstetrícia.
Membro fundadora da Rede Nacional
Feminista de Saúde e Direitos Sexuais Reprodutivos, Atuava no Hospital de
Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte como
médica, contribuiu com o estudo da Saúde da População Negra, Bioética, Programa
Nacional de Anemia Falciforme, escrevendo vários artigos de relevância.
Uma mulher à frente de seu tempo. Seu discurso
no ano 2000 na Assembleia Legislativa de Minas Gerais sobre Bioética e
Manipulação Genética, está mais do que atual: "Na verdade, globalização é a
expressão mais significativa do neocolonialismo e o receituário neoliberal do
cotidiano dos povos oprimidos. De maneira que, ao discutir bioética e manipulações
genéticas, precisamos contextualizar, saber qual é o mundo em que estamos
vivendo, um mundo de ideologia "globalitária”, de implementação de políticas de
ajuste estrutural e de implantação efetiva do receituário neoliberal.
É nesse contexto também que, antes
de discutir bioética e manipulações genéticas, precisamos entender que há uma
outra coisa importante, que é compreendermos que a neutralidade da ciência e de
cientistas é um mito, e um mito superado”.
https://www.almg.gov.br/pronunciamentos/fatima-oliveira/2000-05-29/10498
- vale a leitura.
Fátima deixa legado de lutas. "É
melhor morrer em pé do que viver de joelhos”, escreveu ela em uma de suas
colunas. Fatima Oliveira. Presente. Hoje e sempre!
Maria Aparecida Trazzi Vernucci da
Silva – assistente social – servidora pública municipal aposentada.
Tiddavernucci@gmail.com