As questões étnico-raciais nem sempre foram importantes para a Psicologia,entretanto algumas mulheres revolucionaram esta ciência no Brasil resgatando a temática para a construção de novos saberes
As questões étnico-raciais nem
sempre foram importantes para a Psicologia,
entretanto algumas mulheres
revolucionaram esta ciência no Brasil resgatando a
temática para a construção de
novos saberes. Por estarmos no mês de celebração
e reconhecimento da contribuição
de mulheres negras latino-americanas e
caribenhas, destacamos a figura
ilustre de Maria Aparecida Bento da Silva.
Nascida na Zona Norte da cidade de
São Paulo, de origem simples, seu pai
motorista e sua mãe servente, foi
a primeira da família diante de gerações a
concluir o Ensino Superior. No
início de sua trajetória atuou na Educação Básica e
este era só o início de uma grande
história que construiria pela frente. Em 2002 se
tornou Doutora em Psicologia pelo
Instituto de Psicologia da Universidade de São
Paulo, o título foi possível pela
defesa da tese "Pactos narcísicos no racismo:
branquitude e o poder nas
organizações empresariais e no poder público”.
É co-fundadora do Centro de
Estudos das Relações de Trabalho e
Desigualdades (CEERT). A CEERT
contribui com o Brasil realizando pesquisas e
propostas interventivas no mundo
do trabalho direcionada a população preta
brasileira e ao antirracismo dentro
de instituições e cooperativas.
Na década de 90, Cida Bento
destacou-se ao lado de Jurandir Freire Costa,
Iray Carone e Edith Pizz, sobre os
estudos das relações étnico-raciais. Junto de Iray
e Edith, inaugurou os estudos de
branquitude e branqueamento na psicologia social
brasileira. Foi um marco
importante, pois a negritude deixou de ser o foco do debate
para que o real problema fosse
elevado.
O debate sobre a branquitude e o
pacto narcísico dos brancos revolucionou
a produção de saberes. A partir da
análise, Cida Bento demonstrou existir fatores
da sociedade que explicavam a
permanência dos privilégios de brancos e a
existência do racismo. Tal teoria
inspirou outras profissionais na psicologia como Lia
Vainer Schucman, que se debruçou
sobre a tese de Cida.
Afirmamos o compromisso e o dever
da Psicologia enquanto ciência com o
debate das relações
étnica-raciais, a população negra e principalmente as mulheres
negras precisam ter o direito de
viver bem e com saúde mental. Em busca deste
objetivo, nós psicólogas
rememoramos Cida Bento e perseveramos nos seus
passos.
Thainá da Silva Costa, Mestre em Psicologia Social, gestora do CRP da Subsede de São José do Rio Preto. Mulheres na Política no 1º Ato da Mulher Negra
LatinoAmericana e Caribenha de São
José do Rio Preto.