Zeca Pagodinho e Bruno Covas foram armas de Doria para alegrar e emocionar tucanos

Foto por: Colaboração

Evento no Ypê Park Hotel

Zeca Pagodinho e Bruno Covas foram armas de Doria para alegrar e emocionar tucanos

Por: Maria Elena Covre e Milton Rodrigues

16/10/2021 às 13:42

Bastidores

Governador de São Paulo e o vice-governador Rodrigo Garcia falaram para cerca de mil filiados do PSDB em Rio Preto neste sábado, em campanha para as prévias do partido; nos discursos, polarização a Bolsonaro

Pagode...

Embalados por "Deixa a vida me levar”, de Zéca Pagodinho, o governador João Doria e o vice-governador Rodrigo Garcia entraram no salão do Ipê Park Hotel neste sábado (16) com cerca de mil tucanos balançando aquelas bandeirolas do Brasil feitas de papel e vareta, muito comuns nos desfiles de 7 de Setembro.

… com emoção

Um jogo de luzes azuis nas paredes e imagens inspiradoras num telão completavam o roteiro estrategicamente planejado para instalar um clima de alegria e êxtase entre os presentes. O evento faz parte da campanha de Doria para as prévias que vão definir no dia 21 de novembro o nome do partido na corrida presidencial de 2022, que tem o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, como principal adversário do governador paulista. O terceiro nome na disputa é Arthur Virgílio.

Após blindagem...

Antes de entrar no salão com os tucanos, Doria se esforçou para se redimir com os jornalistas presentes depois das críticas recebidas pela blindagem armada por sua assessoria no evento de quinta-feira (8), quando ele participou do relançamento do programa "Melhor Caminho” no Parque de Exposições. Pior que escolher quais veículos fariam as perguntas, os assessores exigiram conhecer o conteúdo antes para filtrá-las.

… simpatia em pessoa

Neste sábado, foi totalmente diferente. Simpatia em pessoa, ele atendeu a imprensa antes de entrar no salão principal em uma salinha confortável reservada especialmente para a coletiva. Cumprimentou pessoalmente cada jornalista, com direito a beijinho nas mulheres (de máscara, claro) e se dispôs a responder uma pergunta de cada veículo. E estava tão disponível que outras, fora da cota, acabaram aceitas.

Abençoados

Já no salão, a entrada de Doria e Rodrigo, dois nomes sem lastro histórico com o partido, teve na retaguarda nomes da velha guarda tucana como que a "abençoá-los” no ninho. Na comitiva, também escolhida a dedo, o deputado estadual e vice-presidente da Assembleia Legislativa, Carlão Pignatari, de Votuporanga; a deputada estadual Analice Fernandes, com forte base em Fernandópolis; e o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholli, de Catanduva. Entre os presentes, e várias vezes citados nos discursos, José Carlos e Ivani Vaz de Lima. Os discursos que antecederam Doria e Rodrigo Garcia, aliás, adotaram um tom de polarização ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Missão dada...

Como falar de si mesmo não é recomendado, coube a Rodrigo Garcia as palavras derradeiras para emplacar "João” (sim, esta a forma como os íntimos começaram a tratar Doria em eventos públicos) nos corações e mentes do público. "Eu sou vice-governador de São Paulo ao lado desse grande homem… João, que, em 2016, resolveu deixar o conforto da vida privada de lado e vir para a vida pública, para ajudar as pessoas. Participou de uma prévia e venceu porque foi aos diretórios do partido com humildade e falando o que pensava e acreditava. Ganhou a eleição (Prefeitura de São Paulo) e, depois, foi convocado pelo PSDB para assumir o Estado de São Paulo. E vocês estão vendo o quanto isso foi importante. Muitas vezes a gente escolhe a luta e muitas vezes a luta nos escolhe. E a luta de 2022 está escolhendo você para nos devolver a esperança.”

Nos braços do povo

Doria, quando terminou o discurso, derramado e "emocionado”, de novo pontuado por elogios a tucanos de novas e velhas plumagens, foi aplaudido com entusiasmo e cercado pelos presentes para as inevitáveis e, no momento, oportunas selfies. Ao longo das falas, o telão explorava até mesmo cenas do ex-prefeito de São Paulo, Bruno Covas, entre outras que calam fundo no tucanato. Alegria para dar leveza à alma e emoção para deixar o coração quentinho. Missão cumprida em Rio Preto, Doria e Rodrigo partem, neste domingo (17), para o show em Santos.

Sem resposta 1

Político que é, Doria deu a resposta padrão quando questionado por jornalistas sobre um eventual plano B caso perca as prévias do PSDB para Eduardo Leite. "Não existe plano A nem plano B, porque vou ganhar as prévias”. Qualquer um sabe que até o cabo Daciolo, presidenciável em 2018, dava respostas deste tipo quando abordado sobre apoios no segundo turno.

Sem resposta 2

De todo jeito, uma resposta para esta indagação martela a cabeça de muita gente, especialmente do eclético grupo político local que se formou ao redor do vice-governador Rodrigo Garcia, incluindo aí o prefeito Edinho Araújo (MDB). Rodrigo já está em campanha para governador. Se Doria perder a legenda tucana para a briga presidencial, muda alguma coisa no destino do político de Rio Preto em 2022?

Máscaras 1

Questionado pela imprensa sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras no Estado de São Paulo, Doria admitiu que pode relaxar a medida antes do previsto, sem citar uma data. Hoje, pelos estudos do Comitê de Contingência da Covid-19 do governo estadual, a previsão é estender a exigência até dezembro.

Máscaras 2

Em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro pressiona o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para concluir nos próximos dias uma normativa criando regras que permitam em todo o País a flexibilização do uso da máscara. De toda forma, o documento do governo federal deverá deixar a cargo dos municípios a decisão final. Até mesmo devido a decisão do STF que ampara governos estaduais e municipais nas ações contra a pandemia.

Máscaras 3

Em Rio Preto, o prefeito Edinho Araújo tem preferido terceirizar boa parte das medidas restritivas, sempre alvo de intensa polêmica, seguindo à risca as determinações do Estado de São Paulo. Só fugiu radicalmente dessa linha quando obrigou supermercados e hipermercados a baixarem as portas nos finais de semana durante o auge da transmissão e ocupação de leitos na cidade, momento em que adotou um lockdown mais light.

R$ 10

No final da história, o circo montado pela coordenação dos tucanos na região colocou um sorrisão tão grande na cara dos presentes que eles podem até ter esquecido o susto que levaram quando descobriram que tinham de pagar R$ 10 para estacionar o carro no local do evento. Teve gente que, sem trocado (nem graúdo) na carteira, teve de arranjar emprestado.