O reajuste foi de 4,1%. MP (medida provisória) com o novo valor, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro, foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União.
O valor do piso serve para balizar os pagamentos de benefícios assistenciais, previdenciários, além do abono salarial e do seguro-desemprego.
O aumento foi superior ao aprovado pelo Congresso no Orçamento de 2020, que previa uma alta para R$ 1.031, com reajuste de 3,3%.
À época, o reajuste considerava a previsão da inflação para o ano naquele momento. Mas nos últimos meses as expectativas para os preços aumentaram, especialmente com a alta da carne bovina nos últimos dois meses.
O aumento anunciado nesta terça, de 4,1%, veio em linha com a última expectativa do mercado para o IPCA, o índice oficial de inflação do país.
Segundo o último Boletim Focus, do Banco Central, o IPCA deve fechar o ano a 4,04%.
O Focus não faz estimativas para o INPC, que calcula a inflação para famílias com rendimento de 1 a 5 salários mínimos e que é a base oficial para o reajuste do piso nacional e das aposentadorias e pensões do INSS.
Nos 12 meses até novembro, o INPC estava em 3,37%, e no acumulado do ano até aquele período, em 3,22%.
Já o IPCA estava em 3,27% nos 12 meses até novembro. No acumulado do ano até novembro, o índice estava em 3,12%.
Há duas semanas, o ministro Paulo Guedes (Economia) disse que um reajuste acima da inflação no momento atual pode gerar desemprego em massa.
Guedes, porém, já considerava em dezembro que, por causa da alta nos preços, o salário mínimo poderia chegar a R$ 1.039 em 2020. O dado oficial de inflação só será divulgado pelo IBGE em janeiro, mas o reajuste do salário mínimo precisa ser decidido antes do começo de 2020, para que passe a valer já no primeiro dia do ano.
Segundo o governo, o reajuste teve que ser superior ao aprovado no Orçamento por causa da alta da inflação.
O aumento para R$ 1.039 foi discutido por ministros com Bolsonaro, que retornou ao Palácio da Alvorada nesta terça (31).
O governo já enfrenta dificuldades em 2020 para cumprir o teto de gastos nos próximos anos —o limite de despesas, criado no governo de Michel Temer (MDB), é reajustado apenas pela inflação.
Conceder um aumento acima da inflação (aumento real) seria mais um entrave para a meta.
Dados do Ministério da Economia indicam que a cada R$ 1 de aumento no salário o governo precisa desembolsar R$ 319,1 milhões a mais do que no ano anterior, pois o piso corrige valores a serem gastos com Previdência e assistência social, entre outros.
Um reajuste para R$ 1.039, portanto, representa um aumento de quase R$ 2,5 bilhões nas despesas públicas, considerando apenas os benefícios atrelados ao salário mínimo.
Como o país passa por uma crise fiscal, a economia de recursos é considerada importante pelo governo.
O aumento real do salário mínimo foi implementado informalmente em 1994, por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), logo após a adoção do Plano Real.
As gestões petistas oficializaram a medida.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estabeleceu a fórmula de reajuste pela inflação medida pelo INPC mais a variação do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes.
Dilma Rousseff (PT) transformou a regra em lei com vigência para os anos de 2015 a 2019 —Temer, que governou durante a recessão, não mudou a legislação.
Bolsonaro ainda não decidiu qual será a nova política de reajuste.