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A primeira é a minha avó. Analfabeta, lavadeira e que nunca desistiu da família. Mesmo sem saber ler sempre foi muito esperta, aprendia tudo muito rápido, cozinhava com enorme prazer e sem livro de receitas. Lutou muito para que os filhos estudassem,  mas somente  sua filha Aparecida Ferreira, minha mãe se formou professora.

A segunda mulher da minha vida é a minha mãe. Desde criança seu sonho era ser professora.  Batalhou muito ajudando a mãe lavando roupas, trabalhou de doméstica, de babá, mas nunca perdeu de vista seu objetivo de ser professora. Por ser uma aluna dedicada conseguiu algumas bolsas de estudo que lhe ajudaram na sua formação.

Tenho muito orgulho da minha mãe, pois por ser negra e filha de pais analfabetos, ela conseguiu se formar no curso Técnico de Contabilidade, Magistério, Pedagogia e Sociologia. Com toda este sacrifício criou três filhos, sem marido, sozinha com a ajuda da sua mãe e alguns familiares. Deu-nos iguais oportunidades de estudo, pois, ser negro é provar todos os dias que você é bom naquilo que você faz, por isso fez questão que todos nós estudássemos e este mesmo pensamento passou para seus quatro netos.

Em 1980 ela conseguiu se efetivar como funcionária pública do Estado e no ano de 1997 se aposentou como professora da Rede Pública Estadual de Educação.  Foi uma professora que ficou nos corações de seus alunos, de todos os níveis. Professora dedicada com seus alunos e preocupada com eles, sempre tinha uma palavra amiga e conselhos para os alunos e suas mães.

Hoje minha mãe está com 82 anos, lúcida, lendo uma média de três livros por semana, alfabetizou sua neta caçula, auxilia nas tarefas escolares dos netos e me ajuda a  gerenciar minha casa.

Outra mulher importante para mim foi a senhora Rosa Lavezzo. Foi ela que me ensinou a andar e a comer e me deu muito amor. Lembro-me vagamente do carinho com que cuidava de mim e por tabela sua filha, Edna. Mulheres incríveis que batalhavam muito. Dona Rosa, infelizmente, não está mais entre nós, mas eu sei que onde ela estiver tem orgulho da mulher que me tornei. Todo o amor que eu dou, foi ela que me ensinou a doar e a fazer o bem para os outros sempre.

Outra mulher que me ensinou a ter fé foi a minha tia e madrinha Maria Adelina, infelizmente Deus já a levou, mas ela me ensinou a ter fé, a acreditar que acima de tudo há um Deus que tudo pode e ele sabe sempre que é melhor para nós. Uma mulher incrível que lutou muito para criar as suas filhas.

Essas são mulheres especiais da minha vida que me ensinaram a ser quem eu sou hoje: uma mulher forte, uma mulher negra que se ama e tem orgulho da sua cor, sua raça, sua ancestralidade. Elas me ensinaram que não devemos desistir nunca e precisamos comemorar o Dia da Mulher  todos os dias, pois nós somos seres especiais - cada uma com a sua história-, mas não podemos desistir jamais dos nossos sonhos e objetivos. Tantas mulheres lutaram para que todas nós  tivéssemos direitos e nós não podemos deixar isso morrer. Precisamos  ensinar para as nossas meninas que nós, mulheres, podemos e devemos lutar para poder estar e fazer o que quisermos, praticando sempre o bem,  ajudando as pessoas, ensinando e auxiliando. Sejamos mulheres incríveis como nossas ancestrais! Sejamos nós também, mulheres especiais na vida de outras mulheres!

Denise Maria Ferreira, Terapeuta Holística, Empreendedora Social, Coordenadora Responsável Do Grupo Meninas Do Bem, Vice-Presidente Do Conselho Municipal Afro, Membra Do Coletivo Mulheres Na Política, Líder Do Comitê Igualdade Racial do Grupo Mulheres Do Brasil Núcleo SJRP