Eu fiz o que deu para fazer! Mas fiz com toda minha intensidade. E "ta entregue”, ‘ta pago” como se diz na gíria fitness.
A gente até tenta fugir dessa reflexão de final
de ano, mas quando vê, está lá, passando um filme, ora "hollywoodiano” (e como
o assunto dessa semana nas redes sociais foi o filme "Don´t Look UP – Não olhe
para cima”) podemos dizer que nossa "vidinha” brasileira coletiva foi
ironicamente bem desenhado nesse filme; mas ora passa o filme da sua vida que
só você viu, viveu e assistiu, incluindo partes das quais jamais foram postadas
nas redes sociais, o famoso bordão "a galera só vê as pingas que a gente toma,
mas não vê os tombos que a gente leva” é sempre valido.
E trago aqui nessa oportunidade, a partir da
minha vivência, pessoal e intransferível, a reflexão de alguns movimentos feministas
que nossa cidade oportunizou. Somos uma cidade de médio porte, com quase
500.000 habitantes, agora sede de Região Metropolitana, produtor e exportadora
de políticos para Estado e todo País e todas as outras qualidades que eu
poderia passar horas, ou melhor, palavras aqui descrevendo o quanto temos de
potência nessa cidade; mas ainda assim, falar de feminismo é uma árdua tarefa e
um grande tabu. Desconstruir conceitos enraizados, falas preconceituosas,
pensamentos distorcidos, e obvio, a reprodução do modelo filosófico do
determinismo, como uma estratégia social de reprodução da mulher como seres
frágeis, esposas, mães e domésticas não é tarefa fácil, muito menos a curto
prazo.
Em 2021 eu vi mulheres fortes. Eu vivi
mulheres fortes. Eu partilhei experiencias com diferentes mulheres, de
diferentes lugares, histórias, classes sociais e partidos políticos.
Mulheres organizadas, unidas! Mulheres que
defenderam, que questionaram, que se posicionaram. Mulheres que se reuniram,
que se contrapuseram em debates, mas ainda assim, o foco era e é a defesa de
igualdade de gênero, de representatividade, de ocupação de espaço. Mulheres que
se apoiaram, e ali, muitas encontraram forças para "desabrochar” internamente;
mulheres que seguraram as mãos de outras mulheres e numa rede solidaria,
mantiveram o alimento para as famílias de muitas mulheres; mulheres que,
reunidas com outras, redescobriram seu propósito de vida.
Num ano ainda que tudo ou quase tudo ocorreu
de forma virtual, nós vimos em Rio Preto, mulheres se expondo, em Live, em
PodCast, em grupo de estudo para todos os gostos e ideologias. Mulheres que
"arregaçaram” as mangas e nas comunidades (e aqui digo não apenas as grandes
comunidades, mas também espaços micro, seu local de trabalho, por exemplo) partilharam
seus conhecimentos sobre direitos, empreendedorismo, horta, construção, sonhos.
Eu vi mulheres denunciando a violência
doméstica; eu vi medo e o sofrimento calado. E vi o olhar de recriminação numa "brincadeira
inocente” do chefe ou do parente frente as atitudes dessas mulheres. Eu vi
colegas de trabalho, vizinhos e amigos mais próximos julgando essas mulheres.
Porém, eu aprendi o que não se aprende na
bancada de escola alguma. Eu entendi o feminismo vivendo o na sua realidade,
com essas Mulheres.
O tempo é bastante subjetivo, 5 minutos pode
ser crucial para salvar uma vida em uma situação de urgência/emergencia, mas
nesse mesmo tempo não se faz um diálogo bem-feito, de escuta e partilha; sendo
assim, que sejamos generosos como o tempo que despendemos para como o outro, mais
que a quantidade de tempo, que este seja regado de boa qualidade.
Para o ano que chega, eu desejo que essas
mulheres (escritoras, poetas, artistas, políticas, líderes, professoras, mães,
filhas, profissionais) estejam presentes em todos os lugares da nossa cidade,
alinhavando uma grande costura, de um único fio; o fio que tecerá a fim da
desigualdade de gênero e a construção de uma sociedade mais justa. Seja bem
vindo 2022 e que tenhamos forças, afetos e muita Luta.
Prof. Dra. Amena Alcantara Ferraz – Servidora
Publica Municipal, Docente MedUnilago, membra do Coletivo Feminino Mulheres na Política
e Mulheres do Brasil.