SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em um cenário de pressão inflacionária, juros mais altos e renda fragilizada, o volume de vendas do comércio varejista do país rec...
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em um cenário de pressão inflacionária, juros mais altos e renda fragilizada, o volume de vendas do comércio varejista do país recuou 0,1% em outubro, na comparação com setembro, informou nesta quarta-feira (8) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
É o terceiro mês com variação negativa no varejo, embora o instituto considere a taxa como relativa estabilidade por estar próxima de zero.
O desempenho ficou abaixo das expectativas do mercado. Analistas consultados pela agência Bloomberg esperavam elevação de 0,7% nas vendas.
Frente a outubro de 2020, o varejo teve baixa de 7,1%, indicou o IBGE. Nesse recorte, a projeção de analistas era de uma retração menor, de 6,1%.
Com o desempenho de outubro, o comércio ficou 0,1% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020.
O setor ainda registrou avanço de 2,6% no acumulado deste ano. Em período maior, de 12 meses, também houve crescimento de 2,6%. As duas taxas já foram maiores ao longo do ano.
Segundo Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE, a perda de fôlego reflete especialmente os efeitos da escalada da inflação, de maiores restrições ao crédito e da renda do trabalho em declínio.
"São os principais fatores", disse.
A inflação ganhou força no país com a pressão de itens como combustíveis e energia elétrica. No acumulado de 12 meses até outubro, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) registrou alta de 10,67%. A marca de dois dígitos é a maior desde janeiro de 2016 (10,71%).
Para tentar conter a inflação, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) deve aumentar novamente a taxa básica de juros, a Selic, nesta quarta-feira. Os juros mais altos desafiam o consumo.
Em nota, André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, relatou que o resultado de outubro do comércio veio abaixo das expectativas do mercado, com a variação negativa de 0,1%.
Segundo o analista, o desempenho sinaliza que o quarto trimestre começou "mal", o que reforça a perspectiva de desaceleração.
Antes de apresentar o resultado do comércio, o IBGE divulgou, na semana passada, os dados da produção industrial, que caiu 0,6% em outubro. Foi a quinta contração em sequência nas fábricas.
O volume do setor de serviços, por sua vez, será conhecido na próxima semana.