Uma brasileira é estuprada a cada 11 minutos. O patriarcado reina há séculos. O machismo mata todos os dias. O poder do macho é visto como ‘natural’, sobrevivendo sobre nossos corpos.
A
vida da nação sob controle dos homens, se expressa em machos cafajestes,
opressores e sem respeito pelas mulheres. O Brasil grita por socorro.
Brasileiras e brasileiros estão reféns do genocida que ocupa a presidência,
junto a uma gangue de fanáticos movidos pela irracionalidade fascista.
O
ano de 2021 não pode ser esquecido. Um ano para fazer memória, verdade, justiça
e reparação.
A
indignação avança e se transforma, dia a dia, em ação. Ação das mulheres, das
comunidades originárias, dos quilombolas, dos LGBTQIA+ e todos os oprimidos
contra os opressores.
Enfrentamos
múltiplas formas de discriminação em função do sexo, raça, etnia, origem
religiosa e linguística, identidade de gênero e orientação sexual. A violência
também tem uma característica interseccional, com algumas mulheres enfrentando
múltiplas formas de discriminação e estando mais vulneráveis a diversas formas
de violência do que outras.
Sempre
nos reportamos aos números e buscamos ações para sobrevivermos. De acordo com o
Observatório de Igualdade de Gênero da
América Latina e do Caribe, o Brasil é o país com o maior número absoluto
de feminicídios. A violência letal contra as mulheres apresentou crescimento em
2020: foram registrados 3.913 casos de homicídios de mulheres, dos quais 1.350 foram
classificados como feminicídios, isto é, cerca de 34,5% dos assassinatos de
mulheres. Isso significa que a cada seis horas uma mulher tem sido morta pelo
simples fato de ser mulher. Dentre as vítimas de feminicídio, ocorre
prevalência entre mulheres jovens (16 a 24 anos, 35,2%), pretas (28,3%) e
separadas ou divorciadas (35%). Três entre cada quatro vítimas de feminicídio
tinham entre 19 e 44 anos e, em sua maioria, eram negras (61,8%).
A
Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948 foi escrita na luta! Está disponível
em mais de 360 línguas. O objetivo foi formar uma base para os Direitos Humanos
em todo o mundo.
Ainda
hoje, no entanto, vivemos em um país que considera que os direitos não são para
todos e que há humanos que valem menos do que outros. Estamos mergulhados num
abismo de desmonte de direitos e de crimes desde que esse Ser inominável
assumiu a presidência do Brasil.
Os
compromissos assumidos com a garantia dos direitos civis, políticos, sociais e
ambientais previstos na Declaração Universal dos Direitos Humanos estão sendo
destruídos dia a dia. O desmonte total de todas conquistas que tivemos estão
sendo destruídos pela equipe econômica que enxerga o mercado e não vidas
humanas. Há uma coisificação do ser humano!
O
patriarcado, a desigualdade estrutural e as múltiplas formas de discriminação
passarão. E nós resistiremos, na luta em memória das que nos precederam e que
nunca desistiram.
Maria
Aparecida Trazzi Vernucci da Silva – Tidda. Assistente Social. Servidora
pública Municipal aposentada. Ativista do Coletivo Feminista "Lugar de Mulher é
Onde Ela Quiser” - 21 dias, 21 vozes femininas pelo fim da violência contra a
mulher.