Suponhamos que você acorda como faz todas as manhãs, e a primeira tarefa é esticar o braço para pegar seu celular.
Logo depois já está mergulhado em redes sociais, Instagram, Facebook,
stories, assistindo, bisbilhotando e cobiçando a vida alheia, maquiada por
diversos artifícios de ostentação falsa, sorrisos e instantes de lazer fingidos
para tirar a foto perfeita, uma verdadeira cortina de fumaça que esconde
principalmente os problemas que todo adulto normal enfrenta. se você se
identificou com tudo o descrito até o momento, é bem provável que você esteja
contaminado com as doenças digitalmente transmissíveis.
O uso de redes sociais é cada vez mais frequente e ao mesmo tempo fatal para a saúde mental, física e espiritual. É comum bebês se familiarizarem logo em seus primeiros meses de vida com um artefato eletrônico prejudicial chamado celular ou tablet dotado de internet em banda larga, bebês altamente conectados e desligados emocionalmente de suas famílias, pois suas mães preferem entregar logo o celular a verem os seus filhos berrando, fazendo escândalos para acalmar suas euforias com Youtube e vídeos que propagam o lado comercial da coisa, influenciando os pais a comprarem e adquirirem brinquedos, marcas e produtos caros e de pouco aprendizado didático.
Como isso poderia dar certo? É claro que as mudanças tem acontecido, há 20 anos não era possível fazer um pedido de qualquer tipo de comida pelo Ifood ou solicitar um motorista pelo Uber, admito que a tecnologia oferece toda a praticidade em dias como os de hoje, nos quais tempo é ouro.
Contudo, o uso
abusivo de tecnologia tende a robotizar a humanização e leva a depravação de
sentimentos e respeito humano, elevando a frieza e a indecência. Vou dar um
exemplo: todos concordam que a nova ferramenta de transferência instantânea de
dinheiro criada pelo Banco Central, o "Pix” escancarou a luxuria e elevou a
prostituição digital a patamares mais altos, os famosos "packs de nudes” são
oferecidos no Instagram por "digital influencers” a preços que variam de R$ 100
a R$ 1000. É possível até comprar ou assinar a participação em grupos fechados
que são alimentados diariamente por fotos, vídeos e mídias digitais que
transgridem os limites de moralidade social e cívica. Enquanto tudo é possível
na era digital, seres humanos sofrem com ansiedade, pânico e não conseguem mais
desenvolver habilidades características da interação, como por exemplo o bom
convívio social.
Como é possível sonhar e exigir
felicidade se somos cada vez mais comprometidos com os males causados por
doenças digitalmente transmissíveis? É fácil ter a autoconsciência daquilo que
nos causa danos: se estamos em um emprego ruim nos demitimos, se estamos em um
péssimo casamento nos divorciamos, e quando estamos infelizes com um
relacionamento, terminamos. Mas com as redes sociais, embora estejamos cientes
que comprometem a nossa privacidade sendo monitorados o tempo inteiro, fazemos
a opção de usar e usar e ignoramos a consequência desse uso exagerado em nossas
vidas pessoais. Se inveja existe, e eu acredito que sim, imaginem as
consequências as quais as pessoas estão sujeitas simplesmente com o fato de
expor suas vidas 24 horas por dia na busca incessante por mostrar que estão
bem, e são influenciadoras devido a números de "seguidores” fantasmas que
possuem, se expõem em uma vitrine armada onde o principal palhaço é o seguidor
de pura fantasia.
Quando você opta por usar redes sociais desde o começo do seu dia, ou seja, assim que você acorda, está automaticamente optando pelo fracasso de seus planos e submetendo sua saúde ao vício digital da qual a sociedade atual padece, sendo vítima de doenças digitalmente transmissíveis e deixando de viver. Você deixa de ter tempo para a pratica de exercícios e quando os faz, fica mais preocupado com postar uma foto do que com a execução do exercício. Você deixa de ter foco e alivia seu stress dando aquela olhadinha no Instagram, ao invés de ganhar tempo você perde e vira um adepto do habito da procrastinação, sua criatividade deixa de existir pois seu cérebro passa mais tempo processando a vida dos outros do que a própria, sua qualidade de sono piora e seu rendimento no seu trabalho é afetado, logo você nunca será promovido para aquela vaga desejada. A pior causa do seu fracasso é você mesmo e o mais fatal: você deixa de aproveitar a vida ao seu redor, deixa que momentos de felicidade plena escapem de suas mãos.
Nem tudo é possível na vida como as redes sociais
mostram, a vida em sua verdadeira essência é sofrimento e nosso dever é
transformar a dor causada com a dureza da vida, em arte. Não se pode lutar
contra o vento, não conseguimos esmagar as montanhas, jamais vamos conseguir ver
o homem enterrar o oceano, somos limitados, mas podemos fazer escolhas, e
deixar de nos aborrecer com doenças digitalmente transmissíveis. Faça um teste
de alguns dias, experimenta. É um bom começo para a busca da felicidade.
Pablo Dávalos
Engenheiro de Produção
MBA executivo em Gestão Industrial
pela FGV
Green Belt e
Black Belt na metodologia Six Sigma
Gerente Administrativo e Consultor em
PCP Planejamento e Controle de Produção