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‘Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis’
Foto por: Divulgação
‘Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis’

CRÍTICA – ‘Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis’ apresenta estética tosca, mas ação entusiasmante

Por: Miguel Flauzino
10/09/2021 às 10:41
Cultura e Diversão

Cenas de ação sustentam o que poderia ser mais uma medíocre execução


Sempre quando a Marvel anuncia e executa um filme de origem tenho em mente que ele será no mínimo disciplinado, e de fato, ‘Shang-Chi’ é. Entretanto, também tenho em mente que o mesmo não trará surpresa alguma, isso, necessariamente no roteiro. Ao terminar de conferir o longa percebi que sou ser humano e falho diversas vezes, mas não desta vez, porque foi a mesma coisa.

Pegando o pequeno gancho que disse sobre o roteiro, é interessante porque como se trata de um protagonista cuja cultura e fisionomia são chinesas, o filme consegue desfrutar de uma proposta convincente neste quesito. Similar a produções orientais com seus epílogos narrativos e até mesmo com as diversas criaturas fantasiosas, é prazeroso perceber que existe uma forte fidelidade a origem do personagem e até mesmo ao estilo cinematográfico; é como imergir em uma fábula oriental, no qual é um belo acerto. Ainda há, em seu ato final, uma pequena montagem retornando ao passado de Shang (Simu Liu) como forma de inspiração para o mesmo. Este estilo é extremamente comum em animes, ou seja, mais uma inspiração asiática.

Ainda mais, impossível não notar as falas chinesas dos atores, que mostram competentes escolhas no elenco. Simu Liu demonstra talento e dedicação nas coreografias, contudo, é clara a inexperiência e inexpressão em momentos mais dramáticos. Katy (Nora Lun) é a melhor das performances, contendo um carisma de dar gosto, além de desfrutar de um timing cômico inteligente e nada irritante – destaque também para Ben Kingsley (TrevorSlaterry) e seu sotaque britânico engraçadíssimo.

Mas dentre os inúmeros personagens, o vilão de Tony Leung apresenta um peso intrigante. Ao ser encarado como o "do mal” há momentos em que surge certa dúvida de sua vilania, isto pela paternidade dócil, além do imenso amor pela falecida esposa. O conflito mental que Mandarim enfrenta é nítido em sua expressão, que por mais que simples, dispõe de uma dor convincente.

Existe, contudo, uma linguagem fílmica competente, mas ao mesmo tempo confusa. A movimentação orgânica e bem executada de câmera consegue fluir a ação de uma forma gostosa e leve. Com as belas coreografias, ótimos cenários e poucos cortes, ‘Shang-Chi’ só pode receber elogios quando falado deste quesito – devo destacar a cena dos bambus ao lado de fora do prédio que é sensacional. Ao mobilizar a câmera juntamente às lutas, a sensação se torna ainda melhor, é como se o espectador estivesse participando da cena; em contrapartida, Destin Cretton (diretor) mescla esta brilhante idéia com a péssima de pequenas câmeras lentas que consequêntemente quebram o frenético ritmo apresentado, além de confundir no sentido de: que raios este diretor quis dizer com isso?

Paralelamente, a estética do longa consegue ser tosca no nível de discernir o que é fundo verde e o que não é. A fotografia, ao desfocar o fundo dos personagens, tenta amenizar estes efeitos, mas só evidencia mais. Além disso, esta plástica – carregada de muita computação gráfica em sua maioria – torna a imersão ineficaz, já que tira o espectador da realidade fílmica.

Em resumo, ‘Shang-Chi’ não é brilhante – já sabíamos disso, né? –, mas ao mesmo tempo dispõe de uma essência particular no meio de várias outras produções. É como se no meio de uma belíssima porção de batata frita com cheddar e bacon, uma se destacasse pelo bacon a mais.

Mas cuidado, muita batata frita, cheddar e bacon faz mal.

Nota: 3/5 (BOM)









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