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Brasil chega a triste marca de 400 mil óbitos por Covid-19
Foto por: Agência Brasil
Brasil chega a triste marca de 400 mil óbitos por Covid-19

Com presidente negacionista e pouca vacina, Covid mata 400 mil no país

Por: Folhapress
29/04/2021 às 14:17
Saúde

Com atrasos e desinformação, mais de 100 mil brasileiros morrem em 37 dias; ritmo de óbitos dobrou em 2021.


Com o desprezo do governo federal e da população pelos riscos de Covid-19, passando pela insistência do presidente em investir em remédios sem eficácia contra a doença até a demora na compra de vacinas , entre outros tropeços, o Brasil ultrapassou nesta quinta-feira ( 29) a marca de 400 mil mortes provocadas pelo coronavírus, 14 meses após a detecção da doença no Brasil e apenas 37 dias depois de registrar 300 mil óbitos.

Sob a premência dos números e com a pressão de uma CPI para investigar sua gestão da pandemia , o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem sido recomendado a atenuar seu discurso a respeito da maior crise sanitária em cem anos.

Enquanto cruzavam como marcas de 100 mil cadáveres (em 8 de agosto de 2020), 200 mil (em 7 de janeiro deste ano) e de 300 mil (em 24 de março), os brasileiros ouviam da maior autoridade do país que o Sars- Cov-2 é uma "fantasia da grande mídia", uma " gripezinha " e um " mimimi ".

As frases de Bolsonaro coincidem com a escalda de mortes e, com falhas de gestão em todos os níveis e o fatalismo da população , a explicar por que o Brasil virou preocupação mundial na pandemia.

A pequena inflexão no discurso presidencial, simbolizada pelo uso esporádico em público da máscara de proteção que tanto criticava e pela ênfase na vacinação ainda podem estancar o agravamento da crise, mas não são suficientes, a essa altura, para reverter o quadro nem apagar um saldo de mortos que supera, por exemplo, o total das baixas de soldados britânicos na Segunda Guerra Mundial.

Colapsos simultâneos dos sistemas de saúde pelo país já ocorrem, com falta de insumos que vão de oxigênio a medicação para intubação. Acelerar a vacinação, com a encomendas de vacinas tardiamente fechadas e como entregas frequentes atrasada s, ainda não é uma realidade.

Os primeiros efeitos da vacinação começam a emergir quando uma pandemia já se encontra aprofundada, com grande circulação do vírus pelo país , e um cronograma incerto pela frente.

Três ministros da Saúde tentaram conduzir a uma crise: dois deles —Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich— saíram do posto por divergências com Bolsonaro. O terceiro, o general do Exército Eduardo Pazuello , mais alinhado ao presidente ficou quase um ano no cargo. Saiu pela má gestão e como um dos investigado na CPI da Covid-19.

Cabe agora ao médico paraibano Marcelo Queiroga, o quarto ministro, conter uma crise múltipla. Com discurso mais modulado , em que reafirma seu apreço à ciência, Queiroga ainda não promoveu grandes mudanças na gestão da pandemia .

O país, em nenhum momento, conseguiu algum grau duradouro de controle sobre a doença. Mesmo ao pairar em patamares mais baixos, como de setembro a novembro de 2020, com médias móveis de mortes variando acima de 300 óbitos por dia, o Brasil registrava mais de 20 e 30 mil relatórios (também em média móvel).

O rastreamento e isolamento de casos da doença (e de suspeitos), pilares para o controle e preconizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) desde o início, nunca foram criados em prática no Brasil. Até mesmo a testagem para diagnóstico continua pouco acessível para muitos , segundo especialistas.

Apesar do cenário já grave no ano passado, o maior volume de óbitos veio em 2021. Em menos de quatro meses completos do ano atual, o Brasil já soma 203.367 mortes. Em 2020 inteiro, com as primeiras mortes no país em março, foram 194.975 óbitos.

Em parte, de acordo com os pesquisadores, a maior letalidade se deve às novas variantes do Sars-CoV-2 , com maior potencial de infecção e, consequentemente, com disseminação mais rápida. Uma delas é a P.1, boletim identificada em Manaus, capital que acabou servindo como sentinela para a gravidade das duas ondas —até aqui— da pandemia.

Soma-se a isso as ações ou a demora em agir do governo Bolsonaro. "Tudo agora é pandemia. Tem que acabar com esse negócio. Lamento os mortos, todos nós vamos morrer um dia. Não adianta fugir disso, fugir da realidade, tem que deixar de ser um país de maricas", disse ele, no dia em que o país registrava mais de 162 mil mortes, em novembro de 2020.

O governo brasileiro também eou no contramão do mundo ao dar status de remédio que cura à cloroquina, integrante do chamado "Kit Covid", mesmo diante de estudos padrão-ouro (com grupo controle, randomizados e duplo-cego) mostrando a ineficácia do medicamento .

Não bastassem as palavras e as referências incorretas, o presidente constantemente desrespeitou regras sanitárias básicas, ao não usar máscara e promover e incentivar aglomerações com apoiadores —o que continua a fazer.

Por fim, enquanto o mundo corria por vacinas, o governo brasileiro recusava ofertas de doses que começado a ser aplicada ainda em 2020.

O presidente continua se recusando a ser inoculado, afirmando que só tomará a vacina após todos os brasileiros estarem imunizados. "Eu sou chefe de Estado, tenho que dar exemplo. O meu exemplo é este: já que não tem para todo mundo ainda, o mundo todo não tem vacina ainda, tomo na minha frente", disse.

Nos bastidores, o assunto ainda é tratado com atenção. O ministro da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos, afirmou, sem saber que estava sendo gravado, que estava escondido a vacina contra a Covid e que tenta convencer Bolsonaro a se vacinar.

"Tomei escondido, né, porque a orientação era para não criar caso, mas vazou. Eu não tenho vergonha, não. Tomei e vou ser sincero. Como qualquer ser humano, eu quero viver, pô. E se a ciência está dizendo que é a vacina, como eu posso me contrapor? ”, Afirmou Ramos.







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