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CRÍTICA: ‘Ava’ decepciona em tudo, mas isso não é surpresa

Por: Miguel Flauzino
04/12/2020 às 09:05
Cultura e Diversão

Este texto contém spoilers (mas, sinceramente, não faz nenhuma diferença)


Imagine passando na sua televisão uma propaganda do melhor lanche da cidade. Nela o produto aparece com visual e ingredientes perfeitos que chegam a dar água na boca, só pela tela já dava pra sentir o gosto. Então você decide um dia experimentá-lo e percebe que toda aquela propaganda não passava de algo enganoso, e sua sensação variava entre a raiva (porque gastou seu tempo e dinheiro) e tristeza (porque via certo potencial). É exatamente isso que ‘Ava’ reproduz no espectador.
Ava (Jessica Chastain) é uma assassina profissional que trabalha há anos para uma organização secreta. Sua rotina consiste em viajar ao redor do mundo realizando execuções de forma sutil e objetiva, mas quando uma missão acaba de maneira completamente fora do esperado, ela é forçada a lutar pela própria sobrevivência. 

Os primeiros minutos do filme apresentam uma decisão preguiçosa e incompetente do roteiro, quando percebe-se que o histórico da protagonista é detalhado nos créditos iniciais. Seria inteligente se não houvesse uma dependência tão grande para determinar camadas e peso narrativo. Um ótimo exemplo está em seu problema com álcool. Este fator – que o longa expõe como importante – não tem o peso necessário e chega a beirar o ridículo (me refiro à cena em que ela bebe e começa a brincar com a arma).
Ainda mais, como disse no início do texto, a produção se vende como uma história de pura ação acompanhada de belas coreografias e tudo aquilo que um fã de John Wick, Rambo ou 007 gosta. Todavia, os momentos de melancolia e dramatismo são tão extensos e presentes que cheguei a me questionar se estava realmente vendo ‘Ava’ ou ‘A Culpa é das Estrelas’. Esses anticlímax resultam em um ritmo lento que por consequência tornam o desfecho fajuto e cansativo.

Também é extremamente interessante pensar que a narrativa trata Ava como sua heroína sendo que ela não seguia as regras estabelecidas por sua empresa. E enquanto do outro lado há o "vilão” Simon (Colin Farrell), que sinceramente coloquei aspas porque quem realmente estava fazendo a coisa certa era ele. Apesar de encarnar um personagem bastante caricato, é nítida a influência do roteiro forçando-o a ser o cara genérico do mal.

Do mesmo modo, por fazer parte do gênero ação, era esperado, no mínimo, que determinadas cenas carregassem a produção. Contudo, o resultado decepciona, já que possui coreografias mal sintonizadas, cortes rápidos que confundem o espectador e uma péssima verossimilhança (eu com os olhos vendados sou melhor que aqueles soldados da Arábia). Ainda há a utilização de zooms desnecessários juntamente a desfoques que não entendi se foi falha na produção ou proposital.

Chega a ser triste (ou revoltante) quando percebe-se que a Netflix, de 10 tentativas, acerta no máximo umas três. Esta meta de produções mensais tem matado seu catálogo aos poucos e enquanto não houver uma mudança teremos produções ruins, genéricas e preguiçosas, como é o exemplo de ‘Ava’.

Nota: 1/5 (Ruim)









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