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PIB do Brasil tem crescimento de 7,7% no 3º trimestre, abaixo da projeção do governo e do mercado

Por: Folhapress - Eduardo Cucolo e Nicola Pamplona
03/12/2020 às 10:38
Economia

Percentual é recorde, segundo IBGE, mas se deve a base deprimida do trimestre anterior


A economia brasileira registrou crescimento recorde de 7,7% no terceiro trimestre de 2020 na comparação com os três meses anteriores, segundo dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta quinta-feira (3) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O número veio abaixo das projeções do governo e do mercado.

Apesar do crescimento recorde do PIB, a economia brasileira ainda não voltou ao nível pré-crise. Ainda está 4,1% abaixo do último trimestre de 2019. O resultado também se encontra 7,3% abaixo do pico registrado no início de 2014.

Em relação ao mesmo período de 2019, houve queda de 3,9%. O PIB recuou 5% no acumulado do ano e 3,4% em 12 meses.

Segundo o IBGE, a economia voltou ao patamar do início de 2017, quando começou a saída da recessão de 2014-2016. ​

Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam crescimento de 8,7% na comparação com o trimestre anterior e queda de 3,6% em relação ao mesmo período do ano passado.

O Ministério da Economia projetava expansão de 8,3% no terceiro trimestre em relação ao segundo e queda de 3,9% sobre o mesmo período de 2019.

Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, afirma que tanto o comércio como a indústria voltaram ao patamar pré-crise. Os serviços, setor que mais pesa no PIB, ainda estão no patamar do começo de 2017. A agropecuária continua crescendo nas taxas interanuais. Houve queda em relação ao segundo trimestre, mas por questões de safra, mas é a única atividade que cresce no acumulado do ano.

"A gente ainda não voltou ao patamar pré-crise principalmente por causa dos serviços, mas não é só isso. A construção cresceu ante o trimestre anterior. A parte imobiliária se recuperou bastante, mas a parte de infraestrutura, até por causa dos gastos do governo, continua puxando para baixo também”, diz Rebeca.

A taxa trimestral de crescimento é a maior registrada na série histórica do instituto, que começa em 1996, mas o dado está influenciado pela base de comparação, devido à queda recorde verificada entre abril e junho deste ano.

Reflete ainda um pacote de estímulos fiscais para enfrentar a pandemia que está entre os maiores do mundo, cerca de R$ 400 bilhões naqueles três meses (25% do PIB do trimestre), juros baixos e um cenário externo favorável para as exportações brasileiras.

A tendência está em linha com o verificado em outros países. Segundo dados compilados pela OCDE, entre cerca de 30 economias que já divulgaram o resultado do terceiro trimestre, o crescimento do PIB ficou em 8,5% na média.

O IBGE divulgou também a revisão de resultados anteriores do PIB. A alta de 1,1% para o ano de 2018 já havia sido revisada para 1,8%. Para 2019, a revisão foi de 1,1% para 1,4%. Para os dois primeiros trimestres de 2020, os novos números são -1,5% e -9,6%. A divulgação anterior apontou -2,2% e -9,7%.

PRÓXIMOS TRIMESTRES
Apesar do crescimento recorde do PIB, a economia brasileira ainda não voltou ao nível pré-crise e se encontra nos menores patamares dos últimos dez anos, que devem se encerrar como uma nova década perdida.

A expectativa agora é de um crescimento mais lento nos últimos três meses deste ano e de retorno ao patamar de 2019 em algum momento de 2021 ou 2022.

RECESSÃO
Em junho, o Codace (Comitê de Datação de Ciclos Econômicos), órgão ligado ao Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) e formado por oito economistas de diversas instituições, definiu que o Brasil entrou em recessão no primeiro trimestre de 2020, encerrando um ciclo de fraco crescimento de três anos (2017-2019). A expectativa é que a recessão atual seja curta, mas com intensidade recorde, considerando dados dos últimos 40 anos.

Não há uma definição oficial sobre o que caracteriza uma recessão. Embora alguns economistas utilizem a métrica de que esse é o período marcado por dois trimestres seguidos de queda na atividade, o Codace considera uma análise mais ampla de dados. Para o comitê, o declínio na atividade econômica de forma disseminada entre diferentes setores econômicos é denominado recessão.







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