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OPINIÃO: Non monsieur Carrefour

Por: Wilson Guilherme
28/11/2020 às 15:57
Opinião

Antes que o caso seja jogado na gôndola do esquecimento como muitos outros, abordo aqui o bárbaro assassinato do brasileiro João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, no interior do Carrefour de Porto Alegre, no último dia 19.


Como já foi dito à exaustão, o racismo nunca deixou de existir no Brasil, o fato novo é que ele passou a ser escancarado ao ser gravado por câmeras de celulares e exposto simultaneamente para milhares de pessoas ao redor  do mundo.

E o que se viu ali, na véspera do Dia da Consciência Negra, foi a mais incontestável manifestação da barbárie praticada por brasileiros contra brasileiro, a serviço de um grupo francês. Poderia ser americano, chinês ou alemão.

Para o mundo, os franceses insistem em vender uma imagem de último farol do humanismo, escamoteando práticas que os nivelam por baixo às demais empresas  que precisam do mercado internacional para reforçar sua economia. 

Neste contexto, imagina  o pânico causado aos donos do Carrefour, diante da morte por seguranças da empresa, por asfixia, de um negro desarmado. 

Justo no Brasil, onde o Carrefour disputa o mercado com o Grupo Pão de Açúcar, tendo faturado em 2019, R$ 62,22 bilhões. Esconder já não era mais possível, a coautoria estava exposta,  mas como amenizar o impacto da  barbárie?

A mobilização do andar de cima da empresa foi imediata, com pedidos de mea-culpa em toda a mídia. Como referência, um comercial de 30 segundos veiculado no intervalo  do Jornal Nacional, custa cerca de R$ 850 mil.

Dinheiro que poderia ter sido gasto antes da tragédia,  no treinamento dos profissionais que cuidam da segurança do supermercado. Afinal, se aos olhos da empresa, não foi morto um pardo, um negro ou um brasileiro, matou-se um cliente.

Vale  lembrar que tamanha violência não se aplica no dia a dia à clientela branca flagrada com cuecas, calcinhas e fraldões, lotadas de produtos furtados em supermercados.

Non monsieur, a ação de um segurança para conter alguém desarmado, deve ser sempre a de imobilizar e não a de matar. 

Em tempo: parceiro da Prefeitura de Rio Preto por um bom período, o Carrefour doava o bolo para a festa de aniversário da cidade.

Eis que em 2010,  o Procon denunciou ao Ministério Público, por improbidade, o ex-prefeito Valdomiro Lopes acusando-o de engavetar multa de R$ 65,7 mil aplicada ao supermercado. 

A ação rolou na justiça até que o grupo pagou em 2015, multa de R$ 46 mil. 

Mesmo com má vontade, não dá para acreditar que o Carrefour, nascido na França, berço de Proust, Balzac, Victor Hugo, tenha aprendido a praticar o toma lá, dá cá, justo em Rio Preto. Ou dá?







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