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Maradona na Copa de 86, no México
Foto por: Reprodução
Maradona na Copa de 86, no México

"Quem sou eu, Maradona? Quem é você?", por Milton Rodrigues

Por: Milton Rodrigues
25/11/2020 às 17:58
Opinião

Chamado de "deus” em sua terra, Maradona se transformou numa espécie de religião


"Quem sou eu, Maradona? Quem é você? Você quer ser eu. E eu quero ser você”. Dedilhando um violão com habilidade longe de lembrar suas atuações em campo, Pelé exercitou seu discutível talento de cantor num memorável programa de televisão em Buenos Aires, em 2005, entrevistado justamente por Diego Maradona. Era a estreia do "La Noche del 10”, no Canal 13, que teve média de 29,6 pontos de audiência, quase três milhões de espectadores. (veja o vídeo abaixo)

Foi assim, entre amenidades com direito a embaixadinhas e duelo de cabeceadas na bola dentro do estúdio, que transcorreu aquele encontro entre as duas maiores personalidades do mundo futebolístico. E é aqui que entra a eterna discussão: quem foi o melhor jogador do mundo? Certamente não faltam nem aqueles que dizem não ter sido nenhum dos dois.

Talvez Lionel Messi? Ou melhor: o Biro Biro, aquele, o ídolo corintiano dos anos 80. Obviamente, uma brincadeira de um comercial televisivo da Coca Cola, veiculado há dez anos, incentivando as pessoas a consumir o refrigerante, atraídos pela campanha "Quem foi o melhor”. Em tempo: Biro Biro ganhou a preferência de 470 milhões de pessoas e venceu por 1 voto de diferença. Tudo ficção.

Chamado de "deus” em sua terra, Maradona se transformou numa espécie de religião. Tanto quanto Pelé, foi reverenciado em todos os cantos do planeta. Há poucos anos, o espirituoso papa Francisco entrou na brincadeira ao visitar o Brasil, na Jornada Mundial da Juventude. "O papa é argentino, mas Deus é brasileiro”, disse, provavelmente despertando uma ponta de ciúme no seu compatriota quase celestial.

Por onde passou, Maradona deixou rastros de admiração, amor e ódio, e contribui para o enriquecimento do folclore. Diz a lenda que certa vez ele esteve em Campinas e resolveu dar uma esticada para uma pescaria na barranca do rio Grande, ali no restaurante Peixe Vivo, em Fronteira, com vista para a usina hidrelétrica. Estava em companhia do centroavante Careca, ídolo do Guarani, com quem fez inesquecível dupla de ataque no Napoli.

Dieguito nos deixou nesta quarta-feira (25), aos 60 anos, depois de uma vida recheada de polêmicas, do conhecimento de todos, e de um estrondoso sucesso que poucos terão capacidade de superar. Se ele foi melhor que Pelé? Os números dizem que não. Pouco importa. "Um dia, espero que possamos jogar bola juntos no céu”, disse nesta quarta o Atleta do Século. Já estou com pena do goleiro. Vá com Deus, Diego. E obrigado por tudo.


Milton Rodrigues é jornalista e autor do livro "Avenida da Saudade, o América de Rio Preto na Era Pelé"









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