Câmara vê seus dois dinossauros extintos a partir de 1º de janeiro

Foto por: Heitor Mazzoco

Marco Rillo e Gerson Furquim

Câmara vê seus dois dinossauros extintos a partir de 1º de janeiro

Por: Maria Elena Covre

20/11/2020 às 15:45

Política

Gerson Furquim, aos 64 anos, cumpriu oito mandatos. Já Marco Rillo, 71, vê o filho assumir depois de cinco vezes eleito

A partir de janeiro, os dois personagens mais antigos da Câmara de Rio Preto deixam a Casa. Gerson Furquim, campeão absoluto de mandatos consecutivos como vereador – oito no total – foi eliminado nas urnas ao tentar a nona eleição. Marco Rillo – com cinco legislaturas – saiu de cena ao concorrer como prefeito, mas abriu caminho para a volta do filho, João Paulo Rillo (Psol).

Com a extinção dos dois "dinossauros”, os novos decanos do Legislativo passam a ser Jorge Menezes (PSD) e Pedro Roberto (Patriota), que vão para o quinto mandato. Jorge está em vantagem, porque engata o penta sem interrupção. Pedro pegou suplência na estreia e sua trajetória tem um vácuo entre 2012 e 2016.

Meia Vida

Aos 64 anos de idade, Gerson passou exatamente metade de sua vida, ou seja 32 anos, dentro da Câmara de Rio Preto. Ele diz que a aposentaria está longe de seus planos. A partir de janeiro, pretende voltar a advogar em tempo integral, em especial para causas que defendia como vereador, como a dos moradores de loteamentos irregulares de Rio Preto.

"Minha grande marca no Legislativo foi trabalhar pela regularização de 105 loteamentos irregulares. Isso parou no atual governo. O grande avanço foi no governo passado”, diz ele, ainda no tom de oposição à gestão Edinho Araújo (MDB), que norteou sua atuação como vereador nos últimos quatro anos.

Os oito mandatos de Furquim nas Câmaras resultaram da fidelidade de sua base eleitoral plantada em uma das denominações evangélicas mais tradicionais, a Cristã do Brasil. Desta vez, no entanto, ele viu sua votação minguar nas urnas. Foram 1.477 votos, ante 3.270 em 2016.

Furquim credita ao recorde de abstenção no domingo (15), de 31% do eleitorado, o desaparecimento de votos em seu nome. "A maioria das pessoas que votam em mim, que me acompanham todos esses anos, é de gente mais idosa”, diz ele. A pandemia do novo coronavírus é apontada como uma das causas dessa ausência.

Furquim vai, mas deixa no ar que não desistiu de voltar a disputar. O tempo dirá se ele vai obter sucesso nas nova empreitadas. De todo jeito, seu recorde persistirá por, no mínimo, mais três eleições, ou seja 12 anos.

Feliz da vida

Aos 71 anos, Marco Rillo diz que está feliz da vida. "Que pai não fica feliz em ver o filho sair vitorioso?” Ele afirma ainda que jamais vai deixar a política, embora não tenha mais pretensão de disputar novas eleições.

E que sua missão, de agora em diante, é a militância e formação política. "Fico muito triste em ver as pessoas sendo enganadas em quatro minutos de televisão. Quero estimular as pessoas a discutirem política, a participar da política”, afirma.

Mas outro grande sonho que Rillo pretende colocar em prática a partir de 1º de janeiro é usar a aposentadoria para mimar os dois netos. O avó, aliás, já tem planos para eles. "O João Paulo ainda engatinhava quando ia comigo para as reuniões de partido, para os debates e comícios.

Agora, é a vez dos netos, segundo ele. "Estou nisso desde 1969. Meus filhos cresceram me vendo fazer isso. E, agora, meus netos vão me acompanhar para todo lado também”, afirma ele, já sinalizando que a meta é preparar a terceira geração dos Rillos.

Para Rillo, uma de suas maiores conquistas como vereador foi obrigar a família de "um ex-prefeito” (Toninho Figueiredo) a devolver R$ 38 milhões aos cofres públicos do município. "Isso aconteceu por causa de um processo que eu abri no que ficou conhecido como a CPI da Carne”, lembra ele.

E os dois socos – no então colega de Câmara Luís Bottaro Filho e no ex-prefeito Liberato Caboclo – que entraram para a história e anedotário da política local? "Foram em legítima defesa da honra”, ele diz.