Vai ser um dia que dura quatro anos. Se escolher bem, não vai sentir o tempo passar. Se escolher mal, terá outra chance só em 2024.
O fato relevante é que estamos indo à cabina eleitoral, como escreve o TSE, em um ano que, se pudesse, eliminaria do calendário.
Convivemos o tempo todo com o vírus do autoritarismo e, a partir de março, com o novo coronavírus. Deste cruzamento, nasceu o vírus da ignorância. Definitivamente, 2020 é um ano pra não esquecer.
No campo político ficou clara a tentativa de golpe militar por parte de Bolsonaro e seus seguidores mais extremados, bem como o cerceamento da imprensa e tentativas de fechamento de instituições democráticas como o Congresso e o STF. Tentativas malogradas, felizmente, graças à reação de parte significativa da sociedade organizada. Corremos o sério risco de não termos as eleições de hoje.
Mas, pelo que apresentaram os candidatos e pela reação dos eleitores, percebemos um arrefecimento do extremismo: nenhuma proposta bravateira de armar a população; de fechar o Legislativo ou o Fórum. Até aqui predominou a saliva, ao invés do uso de pólvora. A utilização de fake news, até onde se sabe, também não se repetiu no ritmo frenético de 2018. A própria Rede desmascarou muitas delas.
Em uma eleição municipal, os interesses particulares falam mais alto neste momento. O eleitor que organizou ou participou de carreatas negacionistas aparece apoiando candidatos que ontem eram seus "inimigos”. A proximidade e a busca pela sobrevivência (renegociação de impostos, manutenção de cargos na máquina pública) não eliminam, mas colocam os extremos pra hibernar. Votar com o fígado ou votar com o bolso?
Rio Preto parece seguir o comportamento das principais cidades do país ao buscar novamente o equilíbrio, quem sabe até resgatando o Centro como opção política.
Acompanhado destas reflexões, além do título de eleitor, da máscara e da caneta, farei o percurso da minha casa até o local da votação. Vou exercer o direito que ajudei a conquistar e do qual não abro mão. Hoje serei igual a todos, escolhendo quem, na minha opinião, vai tratar a todos igualmente.
Vou, voto e volto...pra continuar a vigilância contra os que atentarem contra a democracia. Votar é muito bom. Concorda?
Wilson Guilherme é jornalista