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A jornalista Joseane Teixeira
Foto por: Divulgação
A jornalista Joseane Teixeira

OPINIÃO: Educar para libertar

Por: Joseane Teixeira
16/10/2020 às 19:00
Opinião

A consequência imediata da baixa escolaridade e do sucateamento do ensino é a perpetuação da velha política


Nesta semana um amigo compartilhou print de publicação no Instagram feita pelo empresário Luciano Hang, vulgo "Véio da Havan”, acerca de pesquisa realizada pela Folha de S.Paulo, segundo a qual "71% dos que dizem votar em Boulos têm ensino superior”. A montagem contendo a manchete do jornal e a foto do candidato à Prefeitura de São Paulo vinha acompanhada de uma frase em destaque: "Não me surpreendo! E você?” O post superou 52 mil curtidas e centenas de comentários.

É claro que o homem que se posiciona como formador de opinião do eleitorado conservador não estava enaltecendo a importância da escolarização para a escolha consciente dos representantes políticos. Pelo contrário. A legenda da publicação ataca diretamente as universidades, acusadas de atuarem como doutrinadoras de uma juventude "comunista”.

Tamanho foi o meu espanto que não só fui checar se a publicação existia, como se a reportagem era real. Ambas as suspeitas se confirmaram.

A consequência imediata foi o assombro. Ora, se cidadãos com nível superior são tão manipuláveis, qual a solução para formar eleitores críticos e, posterior a isso, eleger políticos dignos de exercerem o cargo?

O que me levou a outra indagação: a quem interessa a precarização dos sistemas de ensino?

Dados mais recentes do Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf) indicam que três em cada dez brasileiros têm dificuldade para interpretar textos, reconhecer ironia e realizar operações matemáticas simples. Trinta por cento da população do país é considerada analfabeta funcional.

Para exemplificar o cenário caótico, nesta semana outro amigo usou de certa poesia para contar que adquiriu coronavírus. Embora tenha se apropriado de um vocabulário mais rico para trazer a notícia, palavras-chave como "falta de paladar” e "ser parte da estatística” deixavam claro o objetivo da mensagem. Apesar disso, todos os internautas que interagiram no post (quase 50), não perceberam a notícia da doença.

A consequência imediata da baixa escolaridade e do sucateamento do ensino é a perpetuação da velha política, dos esquemas milionários de corrupção e da retirada de direitos sob a égide de um bem maior, coletivo. Nesse universo, as fake news "nadam de braçada".

E como mudar o cenário? A transformação do País começa no município, com o interesse da população no histórico de vida dos candidatos, na atenção ao que dizem os programas políticos e, principalmente, na leitura dos planos de governo, disponíveis a todos no site do TSE.

É deixar de se iludir com tapinha nas costas e jogo de camisa para participar ativamente das decisões que afetam diretamente nossa qualidade de vida.

E a solução está na Educação. O fio condutor para uma sociedade democrática, próspera e inclusiva está nas mãos dos professores. Espera-se dos governantes, verdadeiramente engajados nesses três objetivos, ações efetivas para capacitar os educadores, a fim de que formem eleitores inteligentes, capazes de opinar e fiscalizar a eficiência dos gastos públicos.

Dos dez candidatos à Prefeitura de Rio Preto, três não registraram no plano de governo intenção de investir no processo de formação continuada dos professores.

Já disse Paulo Freire, "se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.

Fique de olho para não cobrar do seu candidato promessas que ele não fez.

Joseane Teixeira, 33 anos, é formada em Publicidade e Propaganda e Jornalismo. Atua há 7 anos como repórter nas editorias de Polícia e Justiça, sendo dois anos pelo Diário da Região e cinco pela rádio CBN Grandes Lagos, onde trabalha atualmente.







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