Impulsionado pela baixa da taxa Selic, setor de imóveis cresce durante a pandemia
As vendas do primeiro semestre de
2020 foram as maiores desde 2014, segundo levantamento da Abrainc (Associação
Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) e da Fipe (Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas). Foram mais de 61.600 imóveis vendidos entre janeiro e
junho no País, um crescimento de 10,6% em relação ao mesmo período do ano passado. O
mês de maio foi o melhor desde março de 2015, com 12.707 imóveis vendidos
O motivo disso é a queda
significativa da Selic, a taxa básica de juros. A Selic começou o ano a 4,25% e em agosto atingiu 2%, menor patamar desde o regime de metas de inflação de
1999, e permanece desde então.
A Selic em baixa significa que é
mais barato pedir empréstimos no banco para comprar um imóvel, e foi a
oportunidade que o Thiago Rizzo aproveitou. O professor e analista de sistemas diz que já pensava em comprar um imóvel, e que como não parou de trabalhar durante
a pandemia, conseguiu reduzir seus custos fixos e guardar dinheiro.
"Eu na verdade sempre pensei que
algum dia compraria um imóvel, porém não havia me mobilizado para fazer
acontecer. Acabou que casou, o imóvel atrativo, o meu desejo e a minha reserva
naquele momento, ou seja, foi a oportunidade perfeita”, conta Rizzo.
E ele não foi o único que aproveitou
a oportunidade. Segundo a consultora imobiliária Ellen Tremura, da Garetti
Desenvolvimento Imobiliário, a procura foi assustadoramente alta. "Já prevíamos
que seria uma excelente oportunidade que estava sendo oferecida ao mercado, mas
a velocidade de venda, surpreendeu”, conta.
Segundo Ellen, a Garetti lançou
um projeto em agosto e, em menos de um mês, mais da metade das unidades já foram
comercializadas. Até os empreendimentos de alto padrão, que tem uma velocidade
de vendas diferenciada, acompanharam o movimento crescente de vendas.
Só entre janeiro e julho deste
ano foram R$ 54,7 bilhões em empréstimos segundo um levantamento da Abecip
(Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). Uma
alta de 34% nos financiamentos imobiliários no Brasil.
Para se ter uma ideia sobre o impacto da redução da Selic, considerando um imóvel de R$ 350 mil, com uma entrada de R$ 50
mil e 360 meses para pagar, a primeira parcela, em 2020, é de R$ 3.039,29. Em
2019 essa parcela teria sido de R$ 3.387,29, uma queda de 10,27%. Sobre o total
do montante a ser pago, com a queda da taxa de juros, há uma redução de mais de
R$ 50 mil.