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Pais e filhos dão exemplo de superação e companheirismo em tempos de pandemia
Foto por: Arquivo pessoal
Pais e filhos dão exemplo de superação e companheirismo em tempos de pandemia

"Antes ele era só meu. Agora emprestei meu pai para salvar muitas pessoas", diz filha de médico intensivista do HB

Por: Karol Granchi
09/08/2020 às 11:21
Cidades

Em época de distanciamento social e preservação à vida, o DLNews ouviu pais que, longe ou perto, valorizam os bons momentos e são verdadeiros heróis aos seus pequenos


Há cinco meses, Pedro Américo, 37, não abraça a pessoa mais importante de sua vida - a filha Anna Lara, de 7 anos. Médico intensivista da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Base de Rio Preto e também do Corpo de Bombeiros, Pedro tomou uma decisão muito importante quando a pandemia do novo coronavírus chegou à cidade. Ele abriu mão dos momentos mais preciosos ao lado da pequena e comunicou a ela a decisão: a de que não iria mais visita-lá a cada 15 dias, como sempre fazia em tempos normais, para protegê-la da doença. A filha entendeu e "emprestou o pai-herói para outras pessoas”, como disse à reportagem.

Desde então, os encontros entre pai e filha têm sido virtuais, por meio de videochamadas. Anna Lara mora com a mãe, a advogada Adelita de Cássia Lemes, em Santa Cruz das Palmeiras, a 300 quilômetros de Rio Preto. Para lidar com a ansiedade gerada com a pandemia e a ausência do pai, a garota pode contar com a proteção da mãe e também dos avós. 

"O amor materno é um antídoto para a ansiedade, estresse e angústia desencadeados pela epidemia que assola o mundo. Desde o início da pandemia, viemos ficar na casa dos meus pais, pois ter a família por perto neste período, significa somar forças para vencer o medo, compreender o significado e a importância das pessoas em nossas vidas”, conta Adelita.

A decisão do isolamento social e do distanciamento foi conjunta entre os pais da menina. Conscientes da preservação à vida, ambos deram uma aula à garotinha sobre a importância da higiene pessoal e os cuidados com idosos e pessoas do grupo de risco.

"Ela atendeu e cobra de todo mundo que não faz uso ou que tem uma higiene inadequada. Na pandemia eu limitei o contato não só com minha filha, mas também não tenho visitado os meus pais e meus tios, tenho respeitado isso por conta do coronavírus, mas essa não é a maior tristeza. A maior tristeza da pandemia é perder um ente querido para essa doença”, diz o médico.

Quando a fase passar, pai e filha já têm planos para matar as saudades. "Ela quer imediatamente ir para a praia, para o shopping e quer brincar bastante no parquinho. Até as coisas mais simples, como assistir um filme com ela já é maravilhoso”, conta Américo.

Para a filha do profissional da linha de frente no combate a doença, o vírus não tem vez diante do seu grande herói. "Papai é um Super-Herói. Antes ele era só meu. Agora emprestei ele para salvar muitas pessoas que estão doentes por causa desse vírus. Já já ele (o vírus) vai embora e vamos voltar a brincar bem juntinhos”, diz a menina.


(Anna Lara, 7 anos, com o pai, o médico intensivista da UTI do Hospital de Base de Rio Preto, Pedro Américo) 

Pai amigo

Diferentemente de Anna Lara, a estudante Izadora Squizatto Monzani, de 11 anos, não precisou se distanciar do pai Sérgio Henrique Monzani, 46, para enfrentar a pandemia. Muito pelo contrário, a situação fortaleceu ainda mais os laços entre os dois.

O microempresário tem uma firma que faz sublimação de tecido para confecção de roupas em Rio Preto. Com a pandemia, o lucro caiu. A medida para continuar provendo a família (composta pela mulher Daniele, Izadora e a filha mais velha, Izabela, de 18 anos) foi fabricar máscaras de proteção. O momento foi importante para incentivar a caçula a ter mais consciência sobre a educação financeira da família e agir ao lado do pai para conquistar um de seus mais novos desejos: o de ter um Xbox One.

"Ele já poderia ter comprado, mas como ela se empolgou com as vendas (das máscaras) e já tinha R$ 250 guardados, que ganhou de aniversário dos parentes mais próximos, eu incentivei ela a guardar para comprar o vídeo-game porque toda vez que ela ganhava dinheiro, ela já saia para comprar qualquer coisa que não estivesse precisando”, conta a mãe Daniela Viana Squizatto Monzani.

A família já produziu em torno de 300 máscaras (com ajuda de parceiros) e já doou aos necessitados outras 200. Izadora já vendeu 100 máscaras com estampas divertidas, escolhidas por ela, por meio dos amigos, familiares e também do cartaz que ela fez e colocou no portão de casa. 

"Ele é um pai bom, amigo, inteligente e brincalhão. É muito trabalhador e faz de tudo para mim e para a minha irmã”, define a menina. "Eu quero ela seja muito feliz e que seus sonhos se realizem, que ela continue essa menina meiga e alegre”, retribuiu o pai.


(Izadora, 11 anos, e o pai Sérgio, brincalhão e parceiro na vaquinha do vídeo-game) 

Pai vencedor

Após passar 23 dias internado no Hospital Beneficência Portuguesa com Covid-19, chegando a ficar intubado na UTI, o delegado titular de Uchoa, Paulo Moreschi, 43, tem todos os méritos para ser considerado um verdadeiro herói.

Moreschi venceu a doença que já matou milhares de pessoas no Brasil e no mundo e deu exemplo de fé e superação ao ficar por tantos dias afastado da mulher e do filho, o pequeno Pedro, de 7 anos.

"Senti muita falta dele! Enquanto permaneci no quarto, o que me ajudava era poder vê-lo pelas chamadas de vídeo. Quando fui para UTI, orei muito para poder voltar para minha família. Antes de ser entubado, falei para a médica sobre a minha esposa e filho, e da preocupação que tinha em deixa-los desamparados”, relembra.

O reencontro após o distanciamento foi especial e comovente, reforçando ainda mais os laços que unem pai e filho. 

"Foi muito especial! Já estava há uma semana em casa e só depois desse período ele pode voltar pra casa. Fomos busca-lo na casa da minha cunhada e ganhei um abraço maravilhoso dele. Somos muito ligados. A paternidade me fez ver o mundo de outra perspectiva. Me preocupo muito com o futuro dele e como estará o mundo quando ele for adulto. Me sinto responsável por orientá-lo em suas escolhas e apoia lo sempre que preciso, assim como meu pai fez comigo”, finalizou Moreschi. 


(O delegado Paulo Moreschi e a mulher, a fonoaudióloga Cândice Lima Moreschi, comemorando o aniversário do filho Pedro, de 7 anos)







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