Grupo foi surpreendido por fechamento de fronteiras da Argentina
Quatro motociclistas de Urupês estão presos em Puerto Rio Tranquilo, no Chile, com o fechamento da fronteira entre o Chile e a Argentina. O fechamento da fronteira foi decidido devido à crise mundial provocada pelo coronavírus.
A
expectativa era a de que as fronteiras fossem abertas no próximo dia 31 de
março, mas o presidente argentino, Alberto Fernández, não descarta estender a
medida até o dia 16 de abril. Por isso, o grupo espera uma intervenção do Itamaraty para que possa voltar ao Brasil.
Segundo o testemunho do professor Fernando Fachini, o grupo
ingressou em território chileno no dia 11 de março. "Estamos aqui há 15 dias
aguardando a abertura das fronteiras que seria no dia 31 para a Argentina”, diz
em vídeo postado no Facebook e que se alastrou nas redes sociais.
Ainda de acordo com o depoimento de Fachini, o consulado
brasileiro no Chile recomendou que o grupo volte de Puerto Rio Tranquilo para
Santiago para embarcar em um voo da capital chilena para o Brasil. No entanto,
a viagem de 1,9 mil quilômetros depende de diversas travessias com balsas, mas
que estão fechadas justamente pelas medidas adotadas pelo governo chileno para
conter o alastramento da Covid-19. Como o grupo também não pode ingressar em
território argentino, estão isolados a 4,4 mil km de casa.
O grupo é composto ainda por Luiz Fernando Prata, Cláudio
Luís Corniane (pai) e Elton Dosso Corniane (filho). O grupo traçou uma rota que
corta a Carretera Austral, estrada que corta os Andes Patagônicos e liga as
províncias do Sul chileno com o centro do país. O objetivo final era entrar
novamente em território argentino para concluir a viagem, mas com o fechamento das
fronteiras, o grupo ficou sem saída. O Chile, assim como o Equador, são os dois
únicos países da América do Sul a não ter fronteira com o Brasil.
O grupo está na cidade há nove dias e conta com a ajuda de uma
família que abriu a cabana onde vive para que o quarteto tenha onde dormir. "Cercearam-nos
o direito de ir e vir. Somos pais de família e temos no nosso grupo uma pessoa
de 62 anos. As pessoas olham torto para a gente porque acham que somos
transmissores (do novo coronavírus)”, afirma Fachini.
Sem respaldo do Itamaraty, o grupo espera por alguma ajuda
enquanto o dinheiro não acaba. Segundo Fachini, cerca de 40 brasileiros estão
em situação parecida na região. Sem dinheiro para gastar no Chile, a solução é
apelar para os cartões, o que acarretam um custo maior por transação.
A reportagem do DLNews entrou em contato com o Ministério de Relações Exteriores. Em nota, o Itamaraty afirmou que "continua trabalhando para viabilizar o retorno dos brasileiros em todo o mundo, em cenário de crescentes restrições de locomoção. No caso específico da Patagônia chilena, informamos que a Argentina fechou todas as suas fronteiras terrestres e há severas restrições de movimentação no interior do país". Além disso, recomendou que os Brasileiros entrem em contato novamente com o consulado "e o Grupo Especial de Crise para assuntos consulares e migratórios (G-CON)".