Coronel João Eliseu Souza Zanin, de Mirassol, morreu aos 46 anos no desastre natural que há dez anos matou mais 17 militares e milhares de pessoas na capital do Haiti.
Um rastro de destruição que gerou
uma lacuna imensa. O último domingo, dia 12 de janeiro, marcou os dez anos do
terremoto que gerou 230 mil mortos e mais de um milhão e quinhentos mil haitianos
desabrigados em Porto Príncipe, na capital do Haiti, em 2010.
O dia trágico levou as vidas de
18 militares do Exército Brasileiro que atuaram na Missão de Paz. Entre
eles estava o coronel mirassolense João Eliseu Souza Zanin – ele e os demais
comandantes foram homenageados no 5º episódio da série produzida pelo Exército,
chamada "Histórias do Brasil no Haiti: O dia do terremoto”. O vídeo traz
imagens da cidade durante e após o desastre natural, além de depoimentos de
militares sobreviventes.
General-de-Brigada
O general-de-brigada combatente
João Eliseu Souza Zanin nasceu em Mirassol, onde morou até os 15 anos de idade.
Era o mais velho de quatro irmão e ingressou na escola militar em Campinas
(SP). O coronel, que tinha 46 anos quando morreu durante a missão no Haiti deixou
a mulher Cely e os dois filhos – Thiago e Camille.
Coronel Zanin, a mulher Cely e os filhos Thiago e Camille
Homenagem
O Ministério da Defesa informou que "reconhece o trabalho realizado por todos que atuaram na nobre Missão de Paz no Haiti, mas, sobretudo, o trabalho daqueles que atingiram o auge da dedicação à profissão militar, que, extrapolando o juramento de dar a própria vida por nossa Pátria, pereceram pela melhoria da vida de pessoas de outro país. Materializaram, assim, o que de melhor se pode oferecer à humanidade: a busca do bem comum para si e para todos os seres sobre a Terra.”
O Terremoto
O terremoto com magnitude 7.0 na
escala Richter destruiu a capital do Haiti, Porto Príncipe, e deixou milhares
de mortos e feridos, além de cidadãos desabrigados. Além dos militares
brasileiros mortos, o Brasil também perdeu a presidente da Pastoral da Criança,
Zilda Arns. Grandes danos foram causados a cidade e a outras localidades do
país, com milhares de edifícios destruídos, incluindo o Palácio Presidencial, o
edifício do Parlamento e a sede da Missão das Nações Unidas para a
Estabilização no Haiti (Minustah).
Memória
Entre as vítimas estavam os
promovidos post mortem aos postos e graduações: general-de-brigada Emilio
Carlos Torres dos Santos; general-de-brigada João Eliseu Souza Zanin; coronel
Marcus Vinícius Macedo Cysneiros; tenente-coronel Francisco Adolfo Vianna
Martins Filho; tenente-coronel Marcio Guimarães Martins; capitão Bruno Ribeiro
Mário; segundo-tenente Raniel Batista de Camargos; primeiro-sargento Davi Ramos
de Lima; primeiro-sargento Leonardo de Castro Carvalho; segundo-sargento
Rodrigo de Souza Lima; terceiro-sargento Ari Dirceu Fernandes Júnior;
terceiro-sargento Washington Luiz de Souza Seraphim; terceiro-sargento Douglas
Pedrotti Neckel; terceiro-sargento Antonio José Anacleto; terceiro-sargento
Tiago Anaya Detimermani; terceiro-sargento Felipe Gonçalves Júlio; terceiro-sargento
Rodrigo Augusto da Silva; e terceiro-sargento Kleber da Silva Santos.
A missão
A Missão das Nações Unidas para a
Estabilização do Haiti (Minustah) foi criada em 2004 para conter a deflagração
da guerra civil no país, e esteve sob o comando de militares brasileiros por 13
anos, alcançando níveis de segurança adequados em diversas áreas,
principalmente nos bairros mais violentos da capital Porto Príncipe, como Bel
Air, Cité Militaire e Cité Soleil.
Após o desastre, além do trabalho que o Brasil já executava, passou a desempenhar as tarefas de reconstrução e de assistência humanitária, realizando a distribuição de mais de 3,5 mil toneladas de mantimentos, procedimentos cirúrgicos para cerca de 1,9 mil pessoas e atendimento médico geral para outras 40 mil vítimas afetadas pelo desastre. As tropas brasileiras deixaram definitivamente o Haiti em 15 de outubro de 2017.