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Indígena do Povo Kixelô Kariri (CE)  Cientista Social, Artivista e Professora  Participante do Grupo de Articulação Memória Viva Quixelô e também do Grupo Articulação da Cultura da População Negra e Indígena de São José do Rio Preto - SP  Instagram: @ professora.gizele  Coletivo Mulheres na Política e DLNews: Março da Escrita das Mulheres e Mulheres na Escrita
Foto por: Gizele Juá Erã
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Mulheres indígenas na literatura: escrever é resistir

Por: Gizele Juá Erã
11/03/2023 às 15:28
Artigos

Quando pensamos em escrita, é necessário buscar sua gênese histórica para diferentes culturas. No caso da escrita para os povos do território de Pindoretá, hoje chamado Brasil, se trata de uma experiência que esteve e está muito carregada de imposições, torturas e silenciamentos com relação à oralidade, às crenças e a formas de viver. Foi preciso aprender o português para sobreviver.


Nosso território, com centenas de idiomas originários e de tradição oral testemunhou muitas formas de contar serem extintas, junto com seus povos em diáspora, sendo sistematicamente expulsos de seus territórios.

As mulheres indígenas dentro do contexto da escrita contemporânea subvertem valores sobre o que significa historicamente escrever e resistem ao recontar suas histórias. Diante disso, este artigo busca elencar obras literárias de mulheres indígenas guerreiras na atualidade. É importante entrarmos em contato e obtermos conhecimento sobre os desafios e particularidades da produção, publicação e circulação dessa literatura indígena feminina e contemporânea. Precisamos ler, estudar, debater e produzir conhecimentos acadêmicos a respeito.

           Não é mais possível dialogar sobre literatura brasileira de forma geral sem discutir literatura indígena. E não há como compreender o fenômeno da literatura indígena sem demarcar presença da escritora Eliane Potiguara, que abriu o caminho das águas, sendo considerada a primeira mulher indígena do Brasil a publicar um livro. Eliane, inclusive, é fundadora do Grupo Mulher-Educação Indígena (GRUMIN, 1988). É importante ressaltar a articulação de educadoras e escritoras indígenas em todo território nacional.

Em A Cura da Terra, publicado em 2015, Eliane pontua uma narrativa ancestral vinculada à compreensão histórica. Moína, uma menina que ama ouvir as histórias da avó, busca encontrar formas de compreender melhor suas origens, na medida em que  também pretende encontrar conhecimentos para salvar nosso Ser mais precioso: a Terra.

           Em continuidade, Márcia Wayna Kambeba faz parte do povo Omágua Kambeba e por meio das poesias de Ay Kakyri Tama: eu moro na cidade publicado em 2018, busca romper com estereótipos e equívocos sobre o que é ser indígena. Em total intertextualidade em consonância com o trabalho de Eliane Potiguara, Kambeba fortalece os conhecimentos de seu povo e sua perspectiva também enquanto geógrafa e ativista através da literatura.

Em convívio com a sociedade,

Minha cara de "índia” não se transformou

Posso ser quem tu és

Sem perder que eu sou

Mantenho meu ser indígena

Na minha identidade

Falando da importância do meu povo

Mesmo vivendo na cidade.

           Por fim, Idiane Crudzá Kariri Xocó publicou em 2023 o livro "Marany e sua jornada na terra e outros contos”, reunindo três emocionantes histórias de seu povo.

Um deles é sobre a luta de sua filha Marany e toda família para lidar com uma doença ao mesmo tempo em que lutam para fortalecer o idioma ancestral Kariri, considerado extinto pelos órgãos oficiais.

           É necessário compreender formalmente a literatura feminina indígena e sua potencialidade. O levante da luta por território e pela validação dos conhecimentos culturais e artísticos indígenas  também se faz por meio da escrita, com as perspectivas literárias dessas guerreiras da literatura.

 

Gizele Juá Erã - Indígena do Povo Kixelô Kariri (CE)

Cientista Social, Artivista e Professora

Participante do Grupo de Articulação Memória Viva Quixelô e também do Grupo Articulação da Cultura da População Negra e Indígena de São José do Rio Preto - SP

Instagram: @ professora.gizele

Coletivo Mulheres na Política e DLNews: Março da Escrita das Mulheres e Mulheres na Escrita







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