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Sampaoli deixa o Santos em meio a queda de braço com o clube

Por: FOLHAPRESS - KLAUS RICHMOND
11/12/2019 às 20:30
Esportes

SANTOS, SP (FOLHAPRESS) - O técnico Jorge Sampaoli, 59, negou que tenha pedido demissão do Santos. A sua saída do cargo foi anunciada pelo clube na noite desta te...


SANTOS, SP (FOLHAPRESS) - O técnico Jorge Sampaoli, 59, negou que tenha pedido demissão do Santos. A sua saída do cargo foi anunciada pelo clube na noite desta terça-feira (10), por meio de nota publicada no site da agremiação.
O Santos informou que Sampaoli comunicou a demissão após reunião no dia anterior e que “o caso foi entregue aos departamentos jurídico e de recursos humanos do clube”.
A assessoria de imprensa do treinador sustenta que o argentino não pediu oficialmente o desligamento do clube e que ainda aguardava por um retorno a respeito de suas exigências, após pedido do presidente santista, José Carlos Peres, de se reunir com membros do comitê gestor para avaliá-las.
Apesar disso, no fim da tarde desta quarta (11), Sampaoli divulgou uma carta de despedida. "O próximo ano será muito difícil para o Santos. Jogará o Paulista, o Brasileirão, a Copa do Brasil e a Libertadores.
Penso, com chance de me equivocar, que algumas circunstâncias estruturais não me permitiriam sentir com comodidade", escreveu.
Apesar do tom amistoso do documento, que menciona inclusive a possibilidade de um reencontro no futuro, a queda de braço entre Santos e Sampaoli parece estar apenas no início.
O clube exige do treinador pagamento de US$ 2,5 milhões (R$ 10,5 milhões) pela rescisão do contrato, que se encerraria em dezembro de 2020.
Além disso, já avisou que cobrará mais R$ 3 milhões pela liberação de quatro membros da comissão técnica indicados pelo argentino. Um deles, o auxiliar Jorge Desio, fazia parte dos planos para a próxima temporada.
O acordo, porém, é considerado improvável. Sampaoli e Desio se conheceram em 1994 no Renato Cesarini, clube de Rosário conhecido pela formação de atletas e técnicos.
No Santos, Desio inclusive já comandou treinos e assumiu o lugar do amigo no banco de reservas, enquanto o técnico cumpria suspensão.
O desencontro entre as partes levou o caso à Justiça, onde a disputa pela narrativa sobre o profissional ter pedido demissão ou sido demitido deve ter influência para o pagamento ou não da multa.
Sampaoli, que cobra quatro meses de FGTS não depositados, já conta com o auxílio de um advogado brasileiro, enquanto o Santos acredita estar bem coberto juridicamente para provar que o antigo comandante solicitou desligamento. Todos os membros do departamento jurídico foram orientados a não se pronunciar sobre o caso.
Mesmo que não acerte o rompimento de forma amistosa, Sampaoli pode tomar rumo semelhante ao de Ricardo Gomes, que deixou o clube em setembro do último ano, após dois meses como superintendente de futebol, para atuar como gerente-geral no Bordeaux (FRA).
​​Gomes precisava dar uma resposta imediata aos franceses. Fez isso e quase oito meses depois acordou com o clube alvinegro o pagamento de cerca de R$ 600 mil pelo rompimento do contrato.
Independentemente do desencontro de informações, a saída foi selada. Apesar da boa campanha do Santos na temporada, semifinalista do Campeonato Paulista e vice do Campeonato Brasileiro, o argentino e Peres não cultivam boa relação.
Sampaoli e sua comissão custaram cerca de R$ 20 milhões aos cofres santistas por uma temporada. Somente o treinador recebeu aproximadamente US$ 2,3 milhões de dólares líquidos no período (R$ 9,6 milhões).
O treinador criou uma relação de proximidade com a cidade de Santos, mas externou publicamente incômodo pelo que considera falta de planejamento e desorganização de Peres e a sua cúpula.
Na reunião da segunda-feira, que durou quatro horas, o argentino apresentou exigências para continuar, a principal delas um valor de R$ 100 milhões destinado a contratações de jogadores para brigar pela Copa Libertadores da América.
Leia a carta de Jorge Sampoli na íntegra:
"Santos foi uma das minhas casas mais lindas.
Um lugar que me permitiu voltar a crer nos sonhos, no jogo e na alegria dentro do futebol. Todas estas coisas sinto que são, para mim, uma enorme conquista porque a exigência e o imediatismo deste esporte nem sempre nos permite ser felizes. Em um mundo que nos trata como objetos, me senti humano e isso foi um privilégio maravilhoso. Sinto que é um momento na história no qual desfrutar o presente não é simples. Prefiro não arranhá-lo. O próximo ano será muito difícil para o Santos. Jogará o Paulista, o Brasileirão, a Copa do Brasil e a Libertadores. Penso, com chance de me equivocar, que algumas circunstâncias estruturais não me permitiriam sentir com comodidade.
Quero agradecer aos jogadores. Em um torneio com um calendário esgotante, mostraram uma fidelidade à ideia impressionante. Nunca renunciaram às convicções pelo jogo e foram a qualquer estádio do Brasil para mostrar quem somos e quanto amor sentimos pela bola.
Quero agradecer aos trabalhadores e às trabalhadoras do CT Rei Pelé. São a alma do clube. Aqueles que em silêncio constroem e defendem uma instituição gloriosa.
Quero agradecer aos meninos do CT. Foram meus amigos mais legais e os levarei na minha memória para sempre.
Porém, sobretudo, quero agradecer à cidade. Santos é um lugar maravilhoso. Trataram-nos como se estivéssemos vivido toda a vida aqui. Ficará para sempre, também, que aqui nasceu meu terceiro filho, León.
Talvez, isso seja simplesmente um até logo e a vida nos permita um reencontro. As despedidas são essas dores doces.
Muito obrigado, de coração. Eu os levarei na alma, para sempre.
Jorge Sampaoli"

Publicado em Wed, 11 Dec 2019 20:20:00 -0300







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