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Cerejeiras em flor lotam parque do Carmo na retomada de festa na zona leste de SP

Por: FOLHAPRESS - ROBERTO DE OLIVEIRA
07/08/2022 às 21:30
Brasil e Mundo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O céu, opaco e cinzento, dominou a vista durante o dia deste domingo (7). Nem por isso, tirou o brilho da florada. Com seus botões de...


SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O céu, opaco e cinzento, dominou a vista durante o dia deste domingo (7). Nem por isso, tirou o brilho da florada. Com seus botões despertos, cerca de 4.000 árvores de cerejeiras coloriram de rosa um naco verde em meio ao concreto da maior cidade da América do Sul. Persistente, a garoa, acompanhada do frio, tampouco desanimou o público, que após um hiato de dois anos, foi conferir em massa o espetáculo da natureza.

A Festa das Cerejeiras, no parque do Carmo, na região de Itaquera, zona leste de São Paulo, remetia os seus visitantes para o outro lado do mundo. Com placas e cardápios nas barraquinhas escritos em ideogramas japoneses, o espaço de recreação virou um grande palco de apresentações culturais do Japão em torno do florescimento das cerejeiras.

"Fazia tempo que queria conhecer essas árvores", conta a coordenadora administrativa Daniela Colla, 47, moradora do Ipiranga, na zona sul. "Fiquei impressionada com a organização da festa. Vim de metrô. Na estação, já tinha gente orientando o público. Japonês é outro nível, né? O show de tambores me deixou emocionada. Nem parecia Brasil."

Após a batucada do taikô, como são chamados os tambores japoneses, às 12h20, os organizadores da 42ª edição da festa, suspensa por dois anos por causa da pandemia, pediram ao público um minuto de silêncio para as mais de 680 mil vítimas da Covid-19 no país.

Símbolo japonês, reverenciadas há mais de mil anos, as flores das cerejeiras, lá conhecidas como "sakura", desabrocham uma vez ao ano. Seu colorido permanece não mais que por duas semanas.

Na cultura japonesa, as flores trazem diferentes significados. Representam novos ciclos, amizades. Sobretudo, elas são uma metáfora da efemeridade da vida, da brevidade da existência.

Tanto no Brasil quanto no Japão, as floradas vêm oscilando ano a ano. Dependem de fatores como clima e precipitação, sem descartar, contudo, os efeitos da crise climática que aflige o planeta e interfere nas cerejeiras. A primavera só começa no dia 23 de setembro por aqui, mas é agora, no mês de agosto, que o espetáculo em torno das flores acontece.

Lincoln Uwataira, 68, explica que parte das cerejeiras floresceu em abril, num fenômeno atípico, registrado ali no Carmo pela primeira vez. Entre as 4.000 árvores, três variedades de cerejeiras se destacam na paisagem: a okinawa, de pequenas flores, com uma tonalidade marcante de rosa; a himalaia, que começou a dar flores em julho; e a yukiwari, que dão o ar da graça agora.

"Foram essas três que melhor se adaptaram por aqui", continua Uwataira, vice-presidente da Federação de Sakura e Ipê do Brasil, responsável, junto com outras 18 entidades, pela festa das flores.

Além de comidas típicas japonesas (outas nem tanto), o evento também oferecia amuletos e as tradicionais bonequinhas mensageiras. Mudas de cerejeiras eram vendidas por valores que iam de R$ 30 a R$ 80. O dinheiro arrecadado com a festa, informa a organização, é usado para manter os jardins das cerejeiras.

Uwataira explica ainda que as cerejeiras do Carmo podem viver entre 40 a 50 anos. No Japão, onde existem cerca de 200 espécies, as árvores conseguem se manter de pé de 60 a 80 anos.

"Presenciar esse espetáculo é algo que renova a nossa esperança", resume Silvia Watanabe, 24, feirante. "Se pudesse, gostaria de dividir essa experiência com todo o mundo."

A festa de "hanami", ou seja, de contemplação da floração, é um momento especial, segundo as tradições japonesas, de reunir familiares e amigos à sombra dessas árvores para, além de observar as cerejeiras, comer, fazer piquenique, meditar, tirar "selfies" e colocar a conversa em dia.

Cerejeiras em flor não encantam somente japoneses e seus descendentes brasileiros. Festivais relacionados à floração ocorrem ainda em Vancouver, no Canadá, na capital norte-americana, Washington, em Amsterdã, na Holanda, e na Salamanca, na Espanha, por exemplo.

Por mais óbvio que seja, vale a pena reforçar: não se deve mexer nas árvores. Nem em seus galhos. Menos ainda arrancar flores para levar para casa como "lembrancinha". Fotos já são suficientes. Se for sentar nas proximidades das árvores, certifique-se que esteja distante das raízes das cerejeiras.

A festa no parque do Carmo terminou neste domingo (7). O pico da floração de algumas cerejeiras, todavia, acontece até o fim deste mês. Portanto, ainda dá tempo para apreciar esse espetáculo da natureza antes que todas as pétalas caíam ao chão.



Publicado em Sun, 07 Aug 2022 21:18:00 -0300







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