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Professora e membro do Coletivo "Elas por Elas” – DLNews, NUPE e Mulheres na Política no mês de Julho das Mulheres Negras Latino Americanas e Caribenhas
Foto por: Luciana Bonosque Figueiredo
Professora e membro do Coletivo "Elas por Elas” – DLNews, NUPE e Mulheres na Política no mês de Julho das Mulheres Negras Latino Americanas e Caribenhas

Viva em nós, Antonieta de Barros

Por: Luciana Bonosque Figueiredo
29/07/2022 às 14:52
Artigos

Antonieta de Barros nasceu em Florianópolis, Santa Catarina. Sofreu injustiças como mulher e negra e sua vida foi uma constante luta. Sua maior arma, o conhecimento


De que barro foi feita essa mulher que em 1934 foi eleita a primeira negra deputada de Santa Catarina?

Filha de ex escravizada, vem do barro de quem tem algo a dizer, de quem não foi indiferente às questões sociais e cobrou do poder público o que é negado aos pobres, aos negros e negras, às mulheres.

De que barro foi feita essa mulher negra que criou uma escola?

Alfabetizada por estudantes da pensão de sua mãe Catarina, Antonieta formou-se professora e em 1922 fundou o curso particular "Antonieta de Barros”, instalado na sua casa, porque não tinha "pistolão” que a indicasse para ser professora em escola pública. Com a escola fez seu sustento e favoreceu a alfabetização dos desprovidos de posses. Foi do barro do conhecimento, que construiu humanidade e liberdade.

De que barro foi feita essa filha de lavadeira?

Nascida do ventre livre de dona Catarina, ousou ser escritora e em jornais e revistas fez suas crônicas e críticas sobre o cotidiano. Escreveu para tocar em feridas abertas: questões de raça, ao criticar a condição "dos homens de cor”; questões de gênero, para questionar a esfera da ignorância em que as mulheres eram condenadas a ficar naturalmente, "sem o direito de agir e pensar”. Mas não lhe fora permitido graduar-se em Direito. Apropriou-se do barro da leitura e escrita e, em toda sua vida foi professora.

De que barro foi feita "Maria da Ilha”?

Daquela argila fundante de quem não perde suas raízes, que fez de sua vida um não se acomodar e disse "só vivem os que lutam, pois o viver é um constante lutar”. Um pseudônimo que lhe confere o pertencer e o ser mulher, em pé de igualdade com os homens, inclusive na política.

De que barro foi feita a professora?

Da consciência de que aos negros escravizados foi negada a instrução – posta em lei. E quis ela que todos estivessem nos espaços de escolarização. Quis, sua mãe, vê-la professora, não sem esforços, pois nesse tempo cobravam-se taxas dificultando o acesso e a permanência na Escola Normal - um deputado da época, a favor do aumento de taxas, afirmava não querer ver suas filhas sendo instruídas por filha de lavadeira. Oportunamente, em seu segundo mandato, faz indicativo de lei que instituiu o dia 15 de outubro como dia do/a professor/a; dela é também a lei que institui concurso público para o ingresso ao magistério. Fez da educação sua estratégia de resistência e sobrevivência.

De que barro foi feita a deputada?

Eleita em 1934, ousou ocupar espaços de poder. Defendeu-se dos ataques de pessoas conservadoras e do ranço apodrecido do racismo. Em 1948 ocupa novamente uma cadeira no parlamento de Santa Catarina. Do barro de quem se mantém firme em seus ideais e com dignidade, em meio a um ambiente hostil, marcado pela força masculina e branca.

Lutadora em vida, permanece na história brasileira como aquela que "fará” 121 anos e a ela nos juntamos, mulheres e homens e deixamos fluir o que de melhor existe dela ainda vivo em nós.

Antonieta de Barros
Foto por: Reprodução
Antonieta de Barros






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