No mês do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha vamos nos dedicar a honrar e trazer à memória mulheres negras, latino-americanas e caribenhas que marcaram e ainda marcam a história. A homenageada aqui é "Maria Firmina dos Reis”.
Filha ilegítima de uma escrava alforriada, nascida
em 1822 no Maranhão, tornou-se a primeira mulher negra a assumir a cadeira de
professora primária na vila de São José de Guimarães. A notoriedade como
professora deu a ela espaço para expor sua visão abolicionista.
Fundou a primeira escola gratuita para meninos e
meninas no Maranhão e uma das primeiras do Brasil. Causando um escândalo na
sociedade o que fez a escola ser fechada menos de três após sua inauguração.
Circulando no meio literário, em uma época em que
autoras como as irmãs Brontë, Jane Austen e Mary Shiley publicavam suas obras
sob pseudônimos masculinos, ela publica seu romance "Úrsula” e
assina "uma maranhense”. Recusando-se a não ser nada menos que
uma mulher. Seu livro é revolucionário, considerado o primeiro romance
abolicionista da língua portuguesa escrito por uma mulher e, provavelmente, o
primeiro romance escrito por uma mulher negra em toda América Latina. Publicado
em 1860, antes mesmo de Castro Alves, ela em sua obra denuncia os maus tratos
sofridos pelos escravos.
Além deste, ela também escreveu o romance
"Guepeva”, um conjunto de poemas e o conto "A Escrava”.
Morreu em 1917 aos 95 anos de idade, cega e pobre,
morando de favor na casa de um dos muitos filhos adotivos que ajudou a criar.
Sua obra e sua vida caíram no esquecimento, até que
o acaso, em 1970, faz com que o bibliógrafo Horácio de Almeida, encontre num
lote de livros uma edição de Úrsula.
Em 2017 em decorrência do centenário de sua morte,
suas obras são reeditadas.
Pouco se sabe sobre os detalhes de sua vida ou como
uma mulher negra e pobre alcançou tanto espaço em um período marcadamente
escravagista e machista. No entanto, seu legado permanece, ao contrário de seu
rosto (de Maria Firmina dos Reis não temos nenhuma imagem, a que dizem ser dela
é de uma escritora gaúcha), sua voz continua ecoando em cada menina negra que
ousa ir além do que a sociedade determina. Obrigada Maria Firmina dos Reis.