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MEC lança curso para professores ampliarem forma de acolhimento a imigrantes e refugiados

Por: FOLHAPRESS - TATIANA CAVALCANTI
25/06/2022 às 17:30
Brasil e Mundo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Receber alunos estrangeiros pode ser um desafio para professores brasileiros, devido à barreira cultural e linguística. Para que saib...


SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Receber alunos estrangeiros pode ser um desafio para professores brasileiros, devido à barreira cultural e linguística. Para que saibam lidar de forma mais acolhedora com esses estudantes, o MEC (Ministério da Educação) lançou neste mês a "Formação de Professores para Acolhimento de Imigrantes e Refugiados".

O objetivo, segundo a pasta, é preparar os docentes de educação básica para ter um olhar mais atento a esse universo, ao apresentar-lhes aspectos históricos, sociais e educacionais associados aos refugiados.

As aulas, gratuitas, são opcionais e serão disponibilizadas em uma plataforma virtual de ensino do MEC, com carga horária de 80 horas. A Secretaria de Educação Básica do ministério informa ainda que indica a capacitação aos professores que trabalham com alunos em situação de migração no Brasil.

"O curso tratará de práticas pedagógicas capazes de auxiliar o educador no processo de redução de danos psicológicos, além da inclusão de imigrantes e refugiados na sociedade brasileira", afirma Renato Brito, chefe da Diretoria de Formação Docente e Valorização dos Profissionais da Educação, do MEC.

A diretora Solange Cordeiro dos Santos, 54, e a professora Edneia Letícia Marguti, 40, trabalham juntas na escola Diretora da escola municipal de educação infantil Guilherme Rudge, no Belenzinho, na zona leste de São Paulo, Solange Cordeiro dos Santos, 54, vai estimular os 11 professores com os quais trabalha a fazer o curso. A maioria dos alunos da escola é estrangeira, 60%, da Bolívia, do Paraguai e de países da África. "Temos essa experiência consolidada com estudantes de outros países. Mas essa ferramenta vem para somar."

Professora na escola no Belenzinho, Edneia Letícia Marguti, 40, diz que a iniciativa ajudará o trabalho em sala de aula. "Também mostrará aos demais alunos [brasileiros] um pouco mais da cultura dos migrantes."

Os docentes terão aulas de introdução a conceitos migratórios, políticas migratórias, legislações e história das migrações no Brasil. Vão aprender, ainda, sobre ações de acolhimento, diferenças culturais e práticas pedagógicas específicas para refugiados e migrantes. Por meio dessa formação, o ministério afirma que pretende contribuir com os professores na elaboração de suas aulas oferecendo materiais didáticos, pedagógicos e literários para "promover a aprendizagem e o desenvolvimento integral dos estudantes".

Segundo o Acnur (Alto Comissariado da ONU para Refugiados), em maio de 2022, quando a Guerra da Ucrânia completou três meses, o número de pessoas deslocadas à força no mundo ultrapassou 100 milhões. Os motivos vão de perseguições, conflitos e violência a violações dos direitos humanos.

No Brasil, há 57 mil pessoas reconhecidas como refugiadas atualmente, afirma Brito, ao expor dados do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), do Ministério da Justiça, em entrevista coletiva.

Brito relata que os jovens em fase escolar desse grupo apresentam chance 53% menor de estar na escola em comparação a crianças brasileiras na mesma faixa etária. "Essa formação tem um caráter de garantir o direito à educação para todos." Ele lembrou algumas das barreiras que crianças e adolescentes enfrentam no país: questões burocráticas, sociais, econômicas, culturais e, principalmente, linguísticas.

Para Paulo Sérgio de Almeida, do Acnur, a formação para os professores é um "grande avanço" no Brasil. "A perspectiva é que contribua para manter alunos estrangeiros no ambiente escolar. Uma forma para alcançar o objetivo é a preparação do professor para saber lidar com esse perfil que foge do cotidiano. Esse profissional busca dar apoio, mas para tal ele precisa de ferramentas."

Crise na Venezuela O MEC afirma que a formação de professores para receber alunos de outros países está alinhada com a Operação Acolhida, programa para atendimento humanitário a venezuelanos em Roraima, principal porta de entrada dos migrantes do país vizinho. Dados do Acnur mostram que 92,1 mil venezuelanos sofreram com recém-deslocamentos na América Latina e no Caribe no primeiro semestre de 2021.

Mauro Rabelo, secretário de educação básica do MEC, diz que com o curso pretende criar expertise para ajudar escolas, gestores e professores "nessa tarefa, que não é fácil, de trabalhar o multiculturalismo."



Publicado em Sat, 25 Jun 2022 17:14:00 -0300







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