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Denise Tremura

Escritora e influencer digital


A banalização da violência

Por: Denise Tremura
28/09/2019 às 09:51
Denise Tremura

  Mais um caso de violência choca o país: Agatha Felix, 8 anos de idade, morta pelo Estado, que deveria protege-la. Pessoas adeptas da barbárie ou com tendência incontrolável a defender o governo truculento tentam relativizar "quantos morreram no SUS?”.

 Não importa. Morrer porque adoeceu e não teve o cuidado adequado é uma coisa. Executada pela polícia é outra. Nada justifica o assassinato de uma criança, nem o fato de que os policiais queriam atirar em uma moto e erraram. Exterminar preto pobre em favela é imoral, desumano e ilegal. Não cabe à polícia julgar, condenar e aplicar pena de morte em quem quer que seja. Não cabe ao governante incentivar o uso da violência pra acabar com a violência e sim buscar formas sensatas de lidar com o problema.

 A polícia alemã disparou 56 tiros em 2018, alguns deles tiros de misericórdia em animais agonizando por atropelamento. No Brasil, a polícia do Rio de Janeiro disparou 80 tiros contra a família de um músico. Qual a diferença entre o ser humano nascido na Alemanha e o nascido no Brasil? Nenhuma. Mas a diferença entre o cidadão alemão e o brasileiro é óbvia: a Educação. Aquele traficante perigoso armado com fuzil já foi um bebezinho inocente que alguém não soube educar. Talvez uma mãe com dois empregos que foi abandonada pelo pai e não teve direito de escolher se queria gerar uma criança ou não, talvez o Estado que devesse prover Educação de qualidade e falhou. O fato é que quando dizemos "mais livros, menos armas” não queremos dizer que vamos nos defender do assalto com um livro, mas que se o autor do assalto tivesse tido contato com livros na idade adequada talvez tivesse a oportunidade de fazer escolhas melhores.

 A violência é um dos principais problemas do nosso país, mas acabar com o crime passa longe de política de extermínio; matar pessoas sem julgamento por achar que tava portanto um fuzil não tem cabimento. Teve um garoto morto com uniforme da escola, isso que estamos vivendo parece um holocausto. No futuro, teremos motivos pra nos orgulhar do que somos?  Acho que não.

 Mas como lidar com esse caos na segurança com o menor dano possível à sociedade? Como tornar o Brasil um ambiente seguro? Antes de tudo, é preciso conhecer as causas da violência e combater o mal na raiz. A origem de toda a bandidagem está na injustiça social, na falta de políticas públicas eficientes para os necessitados, na falha estrutural da Educação, cujos recursos estão cada vez mais precários. Um governo que vê professores como inimigos não tem a menor chance de dar certo, ela é a base de tudo e o que difere um bandido armado de um cidadão alemão que não pratica e não é vítima de crime algum.

 A tragédia envolvendo Aghata Felix não foi um fato isolado; foi consequência de políticas ineficientes, incentivo à violência, falha no caráter de governantes e agentes de segurança pública. O assassinato dela foi um erro do sistema. Serviu para nos mostrar o que estamos nos tornando, e que sirva de alerta para o caminho que estamos tomando. A morte de uma menina de 8 anos pela mão do Estado é algo que deveria deixar indignado todo cidadão de bem. Do contrário, falhamos miseravelmente enquanto sociedade. 






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