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Diego Polachini

Jornalista e presidente do diretório municipal do Republicanos


Eu não sou obrigado

Por: Diego Polachini
06/08/2019 às 12:38
Diego Polachini

Votei em Jair Bolsonaro (PSL) para presidente. O fato de eu ter feito isso significa que concorde automaticamente com tudo que Bolsonaro diz ou faz? É óbvio que não. 

Votei em Jair Bolsonaro (PSL) para presidente. Gastei do meu bolso um bom dinheiro com a confecção de camisetas que eu mesmo sorteei pela internet. Vesti a mim, minha mulher e meu filho, então com três anos, e fomos votar com o rosto do ‘capitão’ estampado no peito. Está registrado, basta uma simples pesquisa no meu perfil do Facebook para constatar. O fato de eu ter feito isso significa que concorde automaticamente com tudo que Bolsonaro diz ou faz? É óbvio que não. Não sou um robô. Sou um ser humano que (ainda) usa o cérebro, exercita o pensamento crítico e tem noções claras de bom senso.

O voto foi uma escolha. Foi uma convicção pessoal minha sem orientação partidária. E não me arrependo da decisão que tomei. Isso também não significa que não possa me arrepender um dia. Pior do que mudar de ideia é não ter uma ideia para mudar. Pior do que tentar, e falhar, é nunca ter tentado.

Havíamos experimentado os governos do PT por quase 15 anos - nunca com meu voto. Em algum momento tivemos a falsa sensação de que estava dando certo, mas ao final vimos que tudo não passava de engodo para assaltar o País. Edmund Burke, o pai do conservadorismo moderno, ensinou que "é um erro comum acreditar que os que fazem mais barulho em favor do povo sejam os mais preocupados com seu bem-estar”. A educação não avançou, a segurança pública piorou e o desemprego foi às alturas. Era preciso mudar.

O voto não pressupõe carta branca ao presidente para agir da forma como bem entender. Por isso também votamos nos deputados federais e senadores que cumprem o papel institucional de fiscalizar as ações do Poder Executivo e exercer freios e contrapesos a ele. O mesmo serve para os estados e municípios. Qualquer tentativa do chefe de governo de querer atropelar outros poderes será entendida como autoritarismo. E autoritarismo definitivamente não é uma coisa boa para o Brasil e para país nenhum.

Isto posto, eu posso muito bem acreditar e apoiar o governo Bolsonaro (como apoio) sem ter que, obrigatoriamente, venerar o ministro Sergio Moro (que na minha concepção não deve ser tratado como "herói" porque simplesmente não o é) ou achar uma coisa normal a indicação do seu próprio filho, Eduardo, o deputado federal mais votado da história com mais de 1,8 milhão de votos, para ser embaixador nos Estados Unidos. Embora não haja restrições legais, com alguns potenciais pontos positivos – como a proximidade com Donald Trump -, fica uma sensação ruim de confusão entre a representação dos interesses do Brasil e suas ambições pessoais. Acho inclusive que ter ou não fritado hambúrguer nos EUA não está na lista dos impeditivos. Isso é besteira. 

Como conservador, não acredito em mitos ou heróis. Acredito apenas em quem trabalha e em quem corresponde às expectativas com resultados concretos. Nenhuma figura política deve ser maior que o cargo que ocupa. Lula foi chamado de "o cara mais popular da Terra” pelo ex-presidente Barack Obama. Hoje o petista engrossa as estatísticas prisionais do Brasil. Todo mundo tem suas ambições e projetos pessoais. O que faz a diferença é como o político equilibra a relação entre o interesse público e o que busca para si. 

O presidente não é maior que a Presidência da República; deputados e senadores não são maiores que o Congresso Nacional; ministros do Supremo Tribunal Federal não são maiores que a corte; procuradores não são maiores que o Ministério Público; nenhum prefeito é maior do que a cidade; os vereadores não são maiores que as câmaras. Os políticos brasileiros custam a se convencer disso.

Quando os brasileiros amadurecerem e entenderem isso de uma vez por todas, as paixões políticas e o culto à personalidade darão lugar à razão. Então teremos uma nação democrática e equilibrada, sem brigas de torcidas e com pessoas mais preocupadas com a solução dos problemas que com narrativas ideológicas. Posso muito bem apoiar o presidente e discordar pontualmente das suas decisões porque acima de tudo eu quero que o Brasil dê certo. Afinal, eu não sou obrigado.







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