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Fabiano Latham

Jornalista e escritor, autor dos livros “Aprendendo com os Mestres” e “Agora Vai”.


Não é felicidade. É só euforia momentânea

Por: Fabiano Latham
06/09/2019 às 11:15
Fabiano Latham

No mundo contemporâneo, existe uma linha tênue que separa felicidade e euforia. Ambas têm sido facilmente confundidas, principalmente pelas novas gerações. Rompantes de alegria, adrenalina a mil, êxtase e prazer não são felicidade.

Felicidade pode ser entendida como um estado de bem-estar e paz que acalmam corpo e mente e proporcionam satisfação. É um sentimento sutil, simples, leve, sem aquela grandiosidade que insistem em nos vender.

Já a euforia contém altas doses de excitação e um sentimento de poder que extrapola o senso comum. Não raro, após episódios de euforia surge a sensação de vazio e melancolia. Mas as definições mais específicas são da área da Psicologia e meu propósito aqui é somente estimular o início de uma reflexão acerca de como estamos nos comportando ultimamente.

O que tem acontecido com frequência é que muita gente está confundindo felicidade e euforia, o que gera muitos problemas. Felicidade se conquista com aprendizado e muita paciência para amadurecer diante dos desafios inerentes à vida. Ao contrário, euforia é fruto do estímulo imediato, da promessa de prazer sem esforço e de uma recompensa sem limites. A euforia flerta com o culto à emoção, ao extraordinário e à exaltação do ego.

As redes sociais são terreno fértil na demonstração de euforia disfarçada de felicidade. Nelas, queremos provar a todo custo o quanto somos felizes e vivemos de forma espetacular, invejável.

Só conseguimos alimentar nossa audiência se recorrermos ao imediatismo de rompantes felizes, fingindo que eles são regras em nossas vidas.

Infelizmente, criamos uma "obrigação” de parecer feliz, próspero e pertencente aos mais altos padrões de beleza e status social. Mesmo que isso custe nossa paz e nossa sanidade mental. É uma pena, pois  desse modo perdemos a real chance de exercitar nossa própria felicidade e ensinar ao próximo que esse sentimento requer muito menos do que a gente imagina.

Numa sociedade em que tudo é espetacularizado, a felicidade virou um bem de consumo como outro qualquer, que pode ser parcelada no cartão de crédito e exibida como troféu nos stories do Instagram.

Mas eu sei que não é nada fácil fugir dos clichês da felicidade. Mesmo tomando cuidado, usando bom senso e uma dose saudável de autocrítica, acabamos flertando com os padrões já arraigados em nossa mente. Fomos condicionados por gerações e gerações.

É incrível notar como já adotamos o prazer efêmero como sinônimo de felicidade. Porém, a longo prazo vem a conta, quando finalmente entendemos que sensações são somente sensações e não conseguem sustentar a estrutura emocional de que realmente precisamos para viver bem.

Com o passar do tempo percebemos que ser feliz pode ser bem mais simples do que pensávamos. Glamourizamos demais, colocamos muita expectativa e criamos um universo paralelo para acomodar a felicidade, quando na verdade poderíamos simplesmente vivenciá-la, senti-la, praticá-la.

Mas sempre é tempo de rever conceitos, reavaliar o que é importante, colocar aprendizados em prática e adotar posturas menos ilusórias.

Existe um movimento silencioso de pessoas que estão percebendo que é preciso se libertar da escravidão da felicidade fabricada. Junte-se a ele!






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