Quem atua na área de trânsito, em qualquer segmento, provavelmente conhece um filme cujo personagem Pateta, da Walt Disney, interpreta 2 papéis no trânsito - o de pedestre e o de motorista.
Tão antigo - é de 1950, e ao mesmo tempo muito atual, a narrativa
começa assim: "o automóvel nas mãos do homem
comum está beirando as margens da extinção”.
No filme, o Sr. Walker é o tipo do homem comum, considerado bom
cidadão, cumprimenta a todos, jamais faria mal a uma formiga. O sr. Walker tem
um carro e se considera um bom motorista mas, quando ele pega no volante,
acontece um fenômeno estranho, se deixa levar pela forte sensação de poder, sua
personalidade muda completamente, e de repente ele se transforma num monstro
incontrolável, num motorista diabólico, então o Sr. Walker "muda” para o Sr.
Willer, o motorista. O Sr. Willer não respeita ninguém, discute com todos que o
"atrapalham” na via, comete diversas infrações, se acha o dono da rua, afinal,
como ele mesmo diz no filme: "é para
isso que eu pago os impostos”. O filme nos ensina isso, nossa mudança de
comportamento.
Diariamente nós vamos de um lugar para outro até mesmo de uma
maneira mecânica e ao longo dos nossos percursos, mudamos de papéis no
trânsito: ora somos condutores, ora pedestres. E conforme assumimos um ou outro
papel, mudamos de interesses e comportamentos.
Tradicionalmente, o sistema trânsito é considerado em termos de
três componentes: o ambiente físico, o veículo e o condutor. Muito tem sido
feito, em termos de segurança viária, para redução das conseqüências dos
sinistros de trânsito, por meio da melhoria do ambiente rodoviário e dos
veículos. A maior parte da redução das mortes por sinistros nas estradas pode
ser atribuída a diversas ações da engenharia e da tecnologia. Em contrapartida,
bem menos progresso tem sido alcançado em melhorias da mudança de comportamento
do condutor, este sim, o mais importante fator contribuinte de sinistros, pois
se estima que 90% das ocorrências sejam causadas por erros ou infrações às leis
de trânsito.
Precisamos ser o "Sr. Walker” na condução do nosso veículo. É
necessário rever nossos valores internos, compreender a natureza de tantos
comportamentos negativos e inadequados, de forma que cada cidadão possa
realizar a sua parte sem restrições. Por estar diariamente no trânsito o ser
humano tende a banalizar seus efeitos e não percebe como ele afeta o seu
comportamento e como as suas ações podem alterá-lo. Vamos deixar de nos
justificar, de procrastinar, de empurrar a responsabilidade para o Estado (e
não ficar esperando atitude dele) e fazermos nossa parte? Vamos todos cultuar a
paz no trânsito. Comece por você, caro leitor, a mudança no trânsito!