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Beto Braga

Empresário da área de tecnologia e inovação


O Talibã nosso de cada dia.

Por: Beto Braga
20/08/2021 às 15:05
Beto Braga

A desastrosa saída americana do Afeganistão, após 20 anos de intervenção e 4 presidentes, trouxe de volta um termo que particularmente havia deixado esquecido nas

profundezas da minha memória.

Uma das memórias que me veio mais clara, foi a destruição dos centenários budas de Bamiyan em 2001. Entalhados em montanhas, um deles com mais de 50 metros de altura, foi explodido pela intolerância religiosa, acentuada característica de grupos extremistas, por não conceberem a ideia de uma obra de arte retratando um deus diferente do seu.

 

Particularmente sou contra qualquer tipo de vandalismo que envolva objetos históricos. Desde queimar estátua de Bandeirantes, até vandalizar placas de trânsito com o nome de Mariele Franco.

 

A história deve ser preservada por mais que doa, para mostrar um passado que não queremos mais, ou que queremos de volta. Mas para isso, a história deve ser retratada sem evitar detalhes que transformem um personagem em nada menos que um ser humano, com erros e acertos, como qualquer outro.

 

Sou contra a violência de qualquer espécie, mas a violência cultural me agride ainda mais, pois expõe um nível de intolerância e ignorância abismal. Mesmo quando travestido de boas intenções.

 

Outra memória que tenho do grupo é a sua absoluta determinação em objetificar o papel da mulher na sociedade. São proibidas de estudar, sair sozinhas, somente acompanhadas por um homem, não podem ter outro tipo de atividade que não a doméstica ou que tenha aprovação do Talibã.

 

Por outro lado, uma coisa que é comum ser feita é associar esse tipo de postura extremista e arcaica  ao islamismo.  Não devemos misturar as coisas pois existem países com  predominância Islâmica onde outras religiões podem ser professadas, sem falar  nos muçulmanos que vivem em países ocidentais e respeitam os dogmas de sua religião sem extremismo.

 

É como dizer que o contrário do machismo é o feminismo, um erro grotesco. Afinal o machismo é um comportamento que rejeita a igualdade de condições sociais e direitos entre homens e mulheres. Enquanto o Feminismo visa o aprimoramento e a ampliação do papel

e dos direitos das mulheres na sociedade.

 

Enfim! Toda generalização é perigosa. Por isso precisamos ter cuidado redobrado com o significado do que cada grupo busca, e não deduzir baseado na desinformação conveniente.

 

A justa preocupação da mídia nacional e internacional com a escalada de violência, preconceito e redução de direitos, em especial das mulheres no Afeganistão que agora é controlado pelo Talibã, abriu uma disputa bizarra nas redes sociais sobre a ideologia do grupo.

 

Vários posts são mostrados e compartilhados tentando associar a um extremo ou outro a

ideologia deste grupo afegão, acho uma disputa irrelevante, mais uma aliás desse grande FLA X FLU que tomou conta das redes sociais.

 

A visão arcaica  por exemplo, da posição da mulher na sociedade externada pelo governo do Talibã, deveria servir de motivo para avaliarmos a posição das mulheres na nossa própria sociedade, ao invés de brigar para empurrá-las para a direita ou esquerda.

 

Nos últimos meses o racismo conjuntural tem sido exposto, no Brasil, de forma clara. Sendo mostrado no nosso cotidiano, nos supermercados, empresas e nas ações em favelas.

 

Até mesmo nas eleições municipais de nossa cidade, a Coronel Helena, mulher e negra, que alcançou o maior posto da carreira que escolheu, foi objeto de comentários preconceituosos por parte de eleitores adversários, sendo alvo de piadas com sua patente,  mas os mesmos que denegriram seu posto corajosamente, evitavam o mesmo tipo de comentário quando do outro lado tinha um Coronel, homem e branco.

 

O preconceito conjuntural, que permeia nossa sociedade, deve ser debatido. Devemos fazer uma análise do que acontece pelo mundo, não para ter argumentos em post de adversários ideológicos, mas para termos critérios e senso crítico a respeito do país que queremos construir.

 

Devemos começar por aqui na nossa cidade, nas nossas casas, valorizando as pessoas pelas qualidades como por exemplo a  generosidade e a civilidade.

 

Ninguém é melhor ou pior, pela cor da pele, pelo gênero, pela classe social, mas pelas marcas que  deixa nas pessoas com as quais convive e na comunidade que habita.

 

Se queres ser universal, canta tua aldeia - Leon Tolstoi






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