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Beto Braga

Empresário da área de tecnologia e inovação


O CLAMOR ARTIFICIAL

Por: Beto Braga
06/08/2021 às 18:06
Beto Braga

Nos últimos anos uma questão tem se tornado corriqueira no nosso cotidiano: a perda da noção de realidade

Fruto da polarização, da percepção binária das questões cotidianas, dos robôs que nos levam a crer que existe uma multidão de pessoas que pensam como nós e dos algoritmos que ajudam a criar nossa própria bolha e leva a falsa sensação de maioria e unanimidade.

 A percepção distorcida da realidade leva algumas pessoas, sem consciência da ação das ferramentas que citei no parágrafo anterior, a acreditar que estão protegendo o país da construção de uma sociedade distópica, futura, que seria caracterizada por situações intoleráveis, opressoras e autoritárias.

Alguns anos atrás, quando conversava com uma importante jornalista riopretense, analisamos a decisão do Facebook de não privilegiar mais os veículos de comunicação tradicionais, no seu feed. Ficou claro, naquela ocasião, que dada a importância que as redes sociais haviam adquirido nos últimos anos, essa decisão não iria contribuir para uma melhor qualidade da informação que seria propagada naquela rede social.

 Pelo contrário, uma situação que vinha ganhando força, e que precisava ser combatida, a pós verdade, começava a dominar as redes sociais e se tornar proprietária da informação.

Daquele dia, até hoje, houve uma nítida piora da qualidade da informação que as pessoas consomem. Viver nos dias atuais, com o advento dessa maravilhosa ferramenta que é a internet, precisa de coragem. Coragem para mudar de opinião, coragem para aprender, coragem para questionar tudo que nos chega mastigado e pronto para ser absorvido.

O entendimento da realidade passa pela humildade do saber, passa necessariamente por uma imprensa livre, crítica e investigativa. Mas a questão é que, como disse a um estridente e empavonado empresário local. que em um acalorado debate, questionou a ideologia de um dos debatedores(tentando claramente relativizar seus argumentos), entre o preto e o branco, como nos ensina Christian Grey, existem, pelo menos, cinquenta tons de cinza,.

Portanto é covardia intelectual quando alguém se esconde atrás de rótulos e estigmas para fazer valer seus argumentos. Não podemos delegar a uma pessoa, ou um grupo, que controla milhares de robôs, seja dono da opinião, que manipule pessoas, que carentes de pertencimento, se façam motivadas a participar de uma maioria artificial. Da mesma forma não podemos querer que algoritmos, que criam bolhas de realidade, em cima dos nossos likes e compartilhamentos, sejam determinantes da percepção de que nossas crenças são as da maioria.

 A internet deu voz às minorias, derrubou ditaduras, distribuiu conhecimento de maneira eficaz e democrática como nunca na história da nossa espécie. Mas como todo brinquedo novo, estamos aprendendo a usá-lo da maneira correta.

 O caminho para o conhecimento talvez seja a lição que nos ensinou Sócrates(o filósofo, não o jogador de futebol): Só sei, que nada sei...






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