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Alberto Andaló Jr

Engenheiro, administrador de empresas e especialista em vinhos


AS GEADAS

Por: Alberto Andaló Jr
06/08/2021 às 10:54
Vinhos

O clima é o grande aliado do agricultor. E também seu carrasco! Em alguns lugares as estações do ano são mais definidas, com verão e inverno bem-marcados, calor no verão, frio no inverno. Em outras regiões... 

Em outras regiões a definição do clima não é tão nítida assim, a não ser no calendário. As influências são muitas.

A latitude é fundamental mostrando que perto da linha do Equador o inverno e o verão pouco se diferenciam, tanto que em alguns lugares do Nordeste do Brasil é dito inverno quando chove e verão quando está seco. Mais perto dos polos da Terra, o clima mostra característica extremas, principalmente com relação ao frio intenso. O gelo permanece mesmo no verão, embora haja uma diminuição de sua extensão nesta estação.

A altitude é outro importante fator que influencia muito nas condições climáticas de cada região. Quanto mais alto, mais frio!

Quando juntamos estas duas variáveis – latitude e altitude – começam as diferenças mais importantes no clima. A nossa região, a Serra Catarinense, fica na latitude aproximada de 49o Sul, com altitude de 1.300 metros sobre o nível médio do mar. Com relação à longitude, a maior influência neste caso é a proximidade do Oceano Atlântico, que fica a 100 km em linha reta de nossa propriedade. A evaporação da água do oceano forma ventos em altitude, influenciando bastante o nosso clima, mostrando um bom equilíbrio entre influência continental e oceânica.

Se estas condições peculiares nos oferecem um clima excepcional para elaboração de vinhos finos, também nos castiga com eventos climáticos extremos, trazendo frio no verão e calor no inverno em alguns anos. Mas o que mais prejudica nestas variações são as geadas primaveris que ocorrem após as brotações das videiras, impactando bastante nas quantidades e qualidade das uvas produzidas. Nem sempre menos uva significa mais qualidade. O equilíbrio da produção é que importa

Em 2017, durante as brotações da safra 2018, uma geada ocorreu no dia 22 de outubro e, como numa poda radical, deixamos de produzir 25.000 garrafas de vinho. Não foi o primeiro nem foi o último episódio mais foi o mais prejudicial para nossa vinícola. Na safra seguinte ainda sentimos o peso do frio daquela noite, com colheita ainda bem abaixo de nossa expectativa. Só em 2020 conseguimos alinhar a produção das videiras.

O frio é importante para manter o ciclo natural das plantas. No inverno, com as baixas temperaturas, a planta não produz vegetação, numa espécie de dormências, aguardando os primeiros calores para iniciar sua jornada rumo ao destino, quando as frutas, maduras e sadias, serão transformadas no precioso e desejado vinho. A chegada das temperaturas mais altas, no final do inverno em nossa região, induzem a brotação, alguns anos isto acontece mais cedo, noutros mais tarde. Preferimos quando acontece mais tarde, exatamente em função das geadas primaveris, que aqui na Serra Catarinense, não são surpresa. Este é um dos motivos de escolhermos variedades que não sejam muito precoces, como a Nebbiolo e a Chardonnay.

Mas como agricultores que somos, os desafios da natureza sempre nos trazem a alegria das safras. Algumas melhores outras nem tanto! Mas sempre VINHO!

Saúde! E bons vinhos...

Por Eduardo Bassetti - Villaggio Bassetti








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