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Fabiano Latham

Jornalista e escritor, autor dos livros “Aprendendo com os Mestres” e “Agora Vai”.


As armadilhas do deslumbramento nas redes sociais

Por: Fabiano Latham
23/08/2019 às 10:54
Fabiano Latham

Vivemos numa era em que um comportamento distorcido e muito nocivo nos ronda a todo momento: o deslumbramento. Numa época em que o público e o privado se confundem e os limites (e autolimites) são desrespeitados a todo momento, é muito fácil se deslumbrar com a possibilidade de fazer o sucesso, obter aplauso, popularidade, aprovação imediata, likes e afins.

Não é fácil separar o joio do trigo, eu sei. Todos estamos expostos como nunca antes. E não tem outro jeito: a pós-modernidade em que vivemos praticamente nos captura para algum grau de exposição. Com isso, sem perceber buscamos neuroticamente a aprovação dos outros, o amor incondicional, o perdão infinito a qualquer deslize e, por isso mesmo, toda e qualquer possibilidade de redenção nos joga diretamente para a sedução do deslumbramento.
 
Estamos nos endeusando, nos tornando troféus e tirando nossa capacidade de olhar as coisas por um viés mais objetivo, real e humano. Tudo vira motivo de pirotecnia, de exaltação, méritos e glórias, mesmo sem uma sustentação realmente sólida. Tem muita gente confundindo informação com formação. Ambas são essenciais, é claro, mas só a informação fragiliza nosso discurso. Precisamos de formação de verdade, aquela que inclui estudar anos a fio, ler muito, refletir, experimentar, concatenar ideias e produzir pensamentos e ações consistentes.
 
Mas as redes sociais vieram para "cortar caminhos”, oferecer "atalhos”. Como aceitam tudo e todos incondicionalmente (afinal, nada é de graça: para os provedores somos apenas números e potenciais consumidores), elas permitem que nos tornemos personagens editados para agradar e conquistar.
 
Esse é um assunto complicado, delicado e muito complexo. Sempre pego-me questionando se a maneira como mostro meu trabalho e um pouco da minha vida pessoal estão numa dose condizente com o que vivo, com os meus valores, com quem eu sou de verdade. Na hora de apertar o "postar” e  fazer o "upload” surgem as dúvidas, muitas dúvidas. Mas fico um pouco mais aliviado de saber que mesmo errando pelo menos antes faço um pequeno exercício, uma reflexão. Às vezes acerto, às vezes erro, e outras tantas fico desconfortável quando tempos depois percebo que flertei com o deslumbramento.
 
Nem sempre compartilhar nossa vida e nossos projetos e ideias nos levam ao deslumbramento. Mas vez ou outra nos confundimos, pois de tanto absorver o conteúdo dos outros (o brasileiro é o povo que mais dedica tempo as redes sociais no mundo) nos embrenhamos no tal inconsciente coletivo. Sem perceber (no fundo talvez até sabemos) vamos reproduzindo a mesma pegada do outro, vamos "entrando na onda”. É aí que mora o perigo.
 
Mas o quê fazer, então? Não dá para fechar a conta do Facebook, banir o Instagram ou sair de vez do WhatsApp. Podemos (e devemos) fazer bom uso das ferramentas tecnológicas. Talvez o caminho seja o pensar "10 segundos a mais” antes clicar o ok para o post, respirar fundo e questionar o quanto aquela exposição pode contribuir ou não com a própria imagem, apesar que os outros sempre vão pensar com seus filtros, sem de verdade levar em conta quem somos na realidade.
 
Ou talvez não precisemos nada disso. Então seria só dar menos importância ao que vemos, lemos e ouvimos. Ao relativizar, o impacto dos conteúdos produzidos a toque de caixa fica menor e podemos seguir nossas vidas que, afinal de contas, são bem reais. E ser humano, real e simples ainda é a melhor coisa que existe!

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