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Breno Aragon

Tecnólogo em informática, presidente do PSOL em Rio Preto e ex-integrante do Vergonha Rio Preto


Estão chegando os candidatos. Os candidatos estão chegando

Por: Breno Aragon
20/01/2020 às 12:13
Breno Aragon

Tapinha nas costas, visita em quermesses, apertos de mão, tapinhas nas costas, presença em festas de associações de bairro, vídeos indignados sobre os buracos da cidade, anúncio de páginas pessoais, posts criticando genericamente a qualidade da política atual (sempre patrocinados é claro). São sinais que não nos deixam a menor sombra de dúvida: estamos em ano eleitoral. 

É ano do "caça ao voto”, e os sinais citados acima não deixam dúvidas: todo tipo de oportunista vai sair as ruas caçando o voto dos eleitores. E o pior é saber que boa parcela das 17 cadeiras legislativas na cidade vai ser ocupada por esse tipo de candidato, e escrevo isso sem ser uma pessoa pessimista que enxerga o copo meio vazio, mas sim como alguém que acompanha e participa da política local desde os meus 18 anos (atualmente tenho 27). Os motivos para que a qualidade dos eleitos seja péssima são muitos, e normalmente são simplificados para a máxima de que "a população é a culpada por colocar gente que não presta lá”. Será?
 
Em Rio Preto, se juntarmos os votos dos 17 vereadores eleitos, contaremos com totais 89.948 votos, ou seja, 36,22% dos votos válidos. Se considerarmos que Rio Preto têm 318.467 votantes segundo o TSE, esse valor cai para 28,24% do total de eleitores da cidade, pouco mais que um quarto dos votos. Seria correto falar que esse baixo percentual de representatividade direta é um indicador de que a população é em sua maioria culpada pelo baixo nível de sua política municipal?

Nosso sistema político é partidário. Na teoria, uma pessoa que vota em algum candidato está primeiramente concordando com os valores, com a linha política e a ideologia defendida pelo partido pelo qual o candidato está concorrendo. Sendo assim, ao se somar os votos de todos os membros que concorreram por aquele partido/coligação, na verdade o vereador eleito estaria representando o ideal de toda a somatória de votos que o partido/coligação conseguiu na eleição, não sendo apenas um representante de si mesmo, mas sim de uma linha política e ideológica. 

Infelizmente o cretinismo, a má fé, e o dinheiro corromperam essa lógica política. A maioria dos partidos de nosso sistema, com raras exceções, não tem ideologia nenhuma e são um grande balcão de negócios. No frigir dos ovos, acabamos elegendo representantes sem qualquer clareza ideológica ou compromisso com algum estatuto. Alguém sabe dizer qual a linha de a atuação ou pensamento da coligação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e Partido Republicano Progressista (PRP)? Pois ela elegeu dois vereadores (Pedro Roberto e Jorge Menezes). Chegamos ao ponto de termos dois vereadores filiados e eleitos pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) que são de direita (Peixão e Marinho das Bombas). 

Com essa lógica corrompida, onde poucos políticos têm compromisso ideológico com seus partidos, o que vemos é um show de pragmatismo, onde partidos são meros objetos que servem para deturpar a lógica de nosso sistema político, e onde os eleitos são "donos” absolutos de seus mandatos, mesmo que esses só tenham sido conquistados graças a soma da votação de todos os participantes da chapa. 

Também temos um problema, que é a falta de conhecimento de nossa população sobre nosso sistema eleitoral. Muitas pessoas têm raiva/desgostos de muitos dos políticos que "mandam” na nossa política local a diversos mandatos ininterruptos, e acabam votando em pessoas que estão nos mesmos partidos que eles. Dessa forma, seu voto, de forma indireta, acaba ajudando esse "dinossauro” da política. Para os eleitores que quiserem fazer um voto consciente nessa eleição, sugiro adotar algumas práticas: 

- Não vote em candidato que esteja no mesmo partido que um político "graúdo” que você abomina. O candidato pode até ter boa intenção, mas a chance de o voto nele ajudar algum "peixe grande” a se reeleger é imensa. Não gosta do Pauléra, do Marcondes, ou de qualquer outro vereador? Não vote em ninguém que esteja no mesmo partido que eles, com isso você dificulta a reeleição desses que já serão os mais votados de suas chapas. 

- Se questione quais as intenções de patrocinar posts nas redes sociais. Afinal de contas, quanto dinheiro está sendo gasto para impulsionar pré-candidatos e suas páginas? Qual a intenção de uma pessoa de gastar toneladas de dinheiros em postagens criticando os problemas locais, sendo que até pouco tempo atrás mal aparecia no cenário local?   

- Vote em candidatos que tenham clareza ideológica. Seja você alguém de direita ou de esquerda, liberal ou conservador, você tem sua visão de mundo, têm um entendimento sobre o que você acha que é o papel do Estado. Evite candidatos "ensaboados”, que não deixam claro o que pensam sobre temas importantes. Política não é apenas tapar buraco, dar nome em rua, e ser a favor ou contra o prefeito. Vereadores costumam apoiar ou se candidatar para serem deputados federais. E o candidato que ele apoiou ou fortalece politicamente pensa o quê sobre os temas da política nacional? Sobre venda de patrimônio nacional, sobre a reforma da previdência que aumentou o tempo de trabalho para todo os trabalhadores do país até se aposentarem? Qual a visão dele sobre o atual governo e sua política fiscal?

- Observe se seu candidato só aparece em época eleitoral. Dos nossos dezessete vereadores, quantos realmente atuaram fiscalizando e cobrando a Prefeitura? Quais os projetos de lei relevantes que ele ou ela apresentou? Sendo um vereador ou vereadora, ele prestou contas de sua atuação parlamentar ao longo desses anos? Em não sendo um vereador o seu candidato tem algum histórico real de luta por nossa cidade ou por uma política que defende?  Ou simplesmente resolveu ser um "ativista” justamente em um ano eleitoral? 

Por fim, mesmo que tenhamos visões políticas divergentes, sei que seu voto será um voto mais consciente se seguir algumas dessas métrica. Não corra o risco de ajuda a reeleger um político que você não gosta, não dê um voto sequer a qualquer candidato de seu partido. Pesquise a vida e os posicionamentos de seu candidato, o questione da onde está saindo o dinheiro que ele gasta em redes sociais. Quem sabe assim, podemos passar pela eleição de 2020 com um pouco mais de clareza sobre o nosso tabuleiro político municipal e nacional.






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