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Diego Polachini

Jornalista e presidente do diretório municipal do Republicanos


Ninguém é invencível na política

Por: Diego Polachini
08/01/2020 às 09:50
Diego Polachini

O desejo de quem está no poder é permanecer nele (e com ele), e de quem está fora dele é alcançá-lo. Este é o macroconflito da política que engloba inúmeros microconflitos em diversos níveis e estágios. Este desenho serve para todos os lugares onde haja disputa por comando e é assim desde os primórdios da humanidade. 

Jair Bolsonaro dizia em campanha que não seria candidato à reeleição caso vencesse a disputa para presidente da República. Poucos dias depois da posse, ele próprio já falava na possibilidade de concorrer novamente em 2022. O poder encanta, deslumbra e corrompe por várias razões. Uma delas é o homem público se achar invencível. Ninguém é invencível. Ninguém.

Na Grécia antiga, portanto o berço da política ocidental como a conhecemos hoje, os atenienses permitiam que a população opinasse em Ágora como forma de solucionar os problemas da cidade. Nem sempre, ou quase nunca, as posições eram coincidentes - o que é normal numa democracia -, mas estas divergências eram conduzidas pelos homens mais habilidosos.

A habilidade de um político de se perpetuar no poder tem a ver com sua capacidade de administrar bem os conflitos que surgem, sejam eles da natureza da "polis”, portanto, da cidade, ou dos interesses das forças políticas que a compõem. Isso não tem a ver com ser uma pessoa fingida, mas sim alguém que entende e respeita o ponto de vista do outro.

Esses interesses podem ter a ver com expectativas frustradas, valores éticos e morais, inspirações próprias e perspectivas de futuro. Ninguém que atue na política almejou um dia servir apenas de escada para o projeto do outro. Respeito aqueles que têm seus fetiches, mas não acredito que alguém sinta prazer em ser usado.

Ouvi dias atrás que um renomado político brasileiro teria dito que "não se faz política pensando nos outros”, no caso, nos outros políticos. Eu discordo fortemente disso. A história mostra que sozinho não se chega a lugar algum. Dilma Rousseff experimentou governar sem ouvir ninguém, nem seu próprio mentor, e acabou defenestrada. 

Obviamente que as alianças devem ser feitas com pessoas e grupos que tenham posições em comum. Soaria estranha uma composição entre o partido de Bolsonaro e o de Lula, ainda que em algumas cidades brasileiras, em um passado não muito distante, PT e PSDB, então antagônicos, chegaram a ter o prefeito e o vice. Tudo isso em nome do poder.

Um líder político não precisa morrer de amores por ninguém, mas abrir mão da arte de conversar e de compor é um erro imperdoável para aqueles que pretendem continuar no comando. Esse tipo de comportamento é combustível que alimenta os que estão de fora e querem chegar lá. Afinal, nem todos se contentam com as migalhas que caem da mesa dos poderosos.

Ninguém é invencível na política. Ninguém.






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