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Carlos Alexandre

Empresário, formado em Administração Pública pela Universidade Federal de Ouro Preto


Especial de Natal

Por: Carlos Alexandre
09/12/2019 às 10:28
Empresa | Empreendedorismo

Um dos mais inteligentes grupos humorísticos do momento, o pessoal do Porta dos Fundos é indispensável em tempos atuais.

Dentre os componentes principais, destacam-se Gregório Duvivier, Antônio Tabet, Fábio Porchat, Karina Ramil, Rafael Portugal e Gabriel Totoro.

Tido como o sexto maior canal brasileiro no YouTube, o Porta dos Fundos surgiu a partir de influências do Monty Python e Gato Fedorento em 2012, no Rio de Janeiro.  Hoje são cerca de 16,2 milhões seus inscritos.

Com grande talento e um toque especial de irreverência, os criadores do canal negociaram, dias atrás, a maior parte do controle para a Viacom, empresa americana proprietária da MTV e Nickelodeon. Cada um dos cinco sócios do Canal ficou com cerca de R$ 8 milhões e ainda se livraram de Luciano Huck, também sócio, que cedeu seus 16% para compor os 51% adquiridos pela nova investidora.  O objetivo dessa negociação é expandir a marca e seus trabalhos para outros países.

São conhecidos e admirados os diversos episódios que divertem internautas de todas as idades e correntes políticas, quase sempre deixando evidente sua tendência para a esquerda.

Recentemente um de seus vídeos, lançado pela Netflix para o Especial de Natal do canal, denominado "A primeira tentação de Cristo”, decepciona.  Não só pelo teor inferior ao produzido para o ano passado, mas também pelo excesso de agressões aos que seguem a fé cristã.

Não há o que discutir do ponto de vista de nossa defesa à livre expressão, direito irretocável e indiscutível.  Mas, ao passar "um teco considerável” da curva, o programa escandaliza religiosos. Ao conferir, é necessária uma dose extra de paciência, pois a temática é fraca e as "brincadeiras” com figuras sagradas para os cristãos, ferem o bom gosto.

Se por um lado deve ser duro aos ateus terem que se defender, todo o tempo, daqueles que os afirmam "sem Deus no coração”, por outro os ataques exagerados aos religiosos demonstram o "ar de superioridade” que o pessoal do Porta adquiriu com o tempo e faz questão de ressaltar.

Tenho a impressão de que ateus conscientes de sua condição, por certo, não subscrevem o enredo e o texto que coloca a fé num humor que, em certos momentos, perde a graça, mesmo para quem não segue qualquer denominação cristã.

Imaginem algo semelhante feito contra a religião do Islã. Ou, em caso contrário, uma zombaria aos homens de pura ciência, desprendidos de dogmas ou qualquer proselitismo. Nada agregaria à fé, como seu inverso nada agrega para o desnudar dos dogmas.

Em suma, as piadas não justificam a defesa da livre expressão, sequer soam como crítica ao fundamentalismo religioso, hoje tão presente.

Tornam sim, desconfortável, mesmo aos mais ecléticos, o seguimento até o final do filme.

Se considerarmos a configuração atual de polaridade política, com todo um fundo religioso por trás, o grupo abre uma guerra declarada sem qualquer critério, fazendo com que ganhem vozes os mais evidentes defensores do governo atual com seu exacerbado reacionarismo.

Prova disso são as manifestações de gente como Marco Feliciano, Pastor e Deputado Federal, que acaba lucrando nessa guerra e juntando gente, que poderia ter ficado no "umbral” em que se encontrava.

Foi insensata e desnecessária a intensidade impressa pelo canal no último especial de natal, o que pode, inclusive, tirar dele muitos de seus seguidores e quem sabe, algumas vantagens no mundo corporativo.






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