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Eder Galavoti

Delegado de polícia e professor da academia de Polícia Civil de São Paulo, lateral direito e corintiano


Vamos queimar cuecas na Andaló?

Por: Eder Galavoti
07/08/2019 às 15:13
Eder Galavoti

Não se trata de "empoderamento”. A aprovação de leis penais que regulamentam condutas de cunho sexual é pura evolução no caminho da tão almejada igualdade de gêneros.

Daí, é interessante refletir sobre situações novas e que escancaram a tal cultura machista que tantos negam. 

Tome como exemplo a lei 13718/2018, que instituiu o crime de Importunação Sexual. Próxima de completar um ano a lei foi criada para punir adequadamente abusadores de mulheres nos coletivos, entretanto, acertou em cheio os "baladeiros” inconvenientes. Quem nunca viu numa micareta ou numa festa de rodeio um imbecil puxando os cabelos de uma garota para arrancar-lhe um beijo a força? 
Tais atitudes são punidas agora com pena de 1 a 5 anos. Portanto, caso um ser desse tipo seja flagrado em tal circunstância ele poderá ser preso. Mas a questão a ser levantada aqui é peculiar. O crime de Importunação Sexual pode ter como autor e como vítima qualquer pessoa, ou seja, é possível que um homem seja vítima de uma mulher.
O problema é que até hoje não houve registro policial narrando história parecida. O que essa vítima vai falar numa roda de amigos?  E você que acha ter evoluído nesse sentido, duvido que não ensaie um sorriso ao ler a manchete: "Homem procura polícia e narra ter sofrido abuso de uma mulher”. Coisas do tipo estão deixando homens confusos. Como saber então se você homem foi vítima? 
A lei em questão protege a dignidade sexual, portanto, trata-se de análise mais subjetiva do que objetiva. Não basta apenas a ocorrência da ação. Não existirá o crime se a vítima sentir vontade de pedir o WhatsApp da agressora pós evento. Brincadeiras à parte, a resposta é que a conduta deve incomodar o foro íntimo. De tudo isso, estamos aguardando o primeiro reclamante. Será ele um ícone para a derrocada machista. Há 51 anos queimaram sutiãs. Vamos queimar cuecas na avenida (Alberto Andaló), mas por favor separem apenas as furadas porque não ‘tá’ fácil pra ninguém.






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