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Fabiano Latham

Jornalista e escritor, autor dos livros “Aprendendo com os Mestres” e “Agora Vai”.


Os estragos emocionais da vulnerabilidade

Por: Fabiano Latham
07/10/2019 às 13:55
Fabiano Latham

Não tem como escapar: em vários momentos da vida ficamos vulneráveis emocionalmente, nos sentimos fracos, perdidos, sem autocontrole e, por isso mesmo, sujeitos a cometer grandes erros. 

Só percebemos essa vulnerabilidade depois de pagar caro e sofrer sem necessidade, embora uma visão otimista nos permita enxergar tudo o que nos acontece como grande aprendizado.

Por mais forte que você seja, tenho certeza que já viveu e provavelmente ainda viverá episódios de vulnerabilidade. É normal, é humano... A boa notícia é que quanto mais você se conhece, mais chances terá de perceber essa fragilidade e evitar tomar decisões e fazer escolhas que mais tarde se revelam equivocadas.

Olhando para trás, vemos que grande parte dos nossos erros foi cometida justamente quando estávamos vulneráveis, embora não percebêssemos. Conforme  madurecemos, fica mais claro o quanto a vulnerabilidade pode ser devastadora para nossa história de vida. 

Perder o emprego, terminar um relacionamento afetivo, brigar com alguém da família, ter prejuízos financeiros, ser traído por um amigo que se mostrava confiável, sofrer violência física ou julgamento social estão entre as situações que mais contribuem para a vulnerabilidade.

Quando passamos por estes problemas, nossa motivação some, a energia física e mental se esgotam, a esperança desaparece e a autoestima fica totalmente abalada. Por não ter uma estrutura emocional sólida e a habilidade da resiliência bem desenvolvida, ao passar por estes momentos ficamos perdidos, nos sentimos desamparados e por isso mesmo caímos facilmente em armadilhas psicológicos e até mesmo golpes.

Quando estamos vulneráveis ficamos à mercê dos vampiros de energia e os aproveitadores que aparecem pelo caminho fazem a festa. Mesmo não querendo, experimentamos a posição de vítima, o que gera um complicado conflito existencial.  

Você já passou por isso? Já se envolveu com pessoas que nada tinham a ver com você, justamente porque estava na vulnerabilidade da carência? Aceitou propostas que não satisfaziam suas vontades e valores pessoais e depois sofreu com o sentimento de inferioridade? Também já confiou em pessoas e acabou terceirizando o que era de sua responsabilidade somente porque se sentia fraco, com medo e incapaz, embora soubesse que no fundo não era bem assim? Pior: já se deu conta que tiraram vantagem de você porque perceberam que sua autoconfiança estava abalada e que para algumas situações tinha poucas alternativas?

Pois é, estes são apenas alguns exemplos para começar a refletir sobre os inúmeros aspectos da vulnerabilidade. É uma pena que acabamos sendo carrascos de nós mesmos porque nossos pontos fracos tomam conta e nos tiram nosso poder de ação.

Mas o tempo passa, o mundo gira e, um dia, a poeira tende a se assentar. Se não nos entregamos de vez, vai chegar um momento em que o ambiente ao redor muda e aos poucos nossa percepção recobra a realidade. Quando voltamos "ao normal” é comum até nos sentimos envergonhados pelas enrascadas em que nos metemos quando estávamos vulneráveis. Porém, diz o ditado que após a tempestade vem a bonanza e acredito sim que é possível sair mais forte e determinado depois de um período de vulnerabilidade.

 Falta de malícia, inocência e certa ingenuidade até parecem ser comportamentos legais e passíveis de elogios. No entanto, não funcionam no mundo em que vivemos. Um pouco de desconfiança nunca faz mal a ninguém. É preciso estar sempre atento para não deixar que invadam nossos limites. Melhor: é preciso ter a coragem de primeiro estabelecer limites e fazer com que eles sejam respeitados antes mesmo que tentem invadi-los.

Ter consciência sobre a própria vulnerabilidade é o primeiro passo para evitar problemas. Mas no caso de ser "presa” de alguma situação, a saída é tentar recobrar o autocontrole os mais rápido possível nas chances que se apresentam nas entrelinhas das situações. É importante também não ter vergonha nem se culpar. Viver tem dessas coisas.

É reconfortante saber que sempre podemos dar a volta por cima, começar de novo, voltar passos atrás para dar pulos mais longos à frente, e aprender com as próprias falhas. Afinal de contas, não nascemos prontos nem sabendo tudo.  Estamos neste mundo justamente para cumprir pelo menos uma parte dessa missão. Pense nisso!






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